Daniel Alves sobrevive a lesões e críticas para jogar pelo Brasil na Copa aos 39
O lateral de 39 anos está escalado para a partida desta sexta-feira (2), contra Camarões
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Esporte Seleção Brasileira
DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - Daniel Alves sobreviveu a uma grave lesão, a recentes passagens apagadas por diferentes clubes, à desconfiança e às críticas por ter sido convocado. Depois de tudo isso, será o mais velho jogador a atuar pela seleção brasileira em uma Copa do Mundo.
O lateral de 39 anos está escalado para a partida desta sexta-feira (2), contra Camarões.
O confronto no estádio Lusail, às 16h (de Brasília) será pela última rodada do Grupo G. Pelo fato de o time estar classificado, com seis pontos e 100% de aproveitamento, Tite vai poupar titulares. Mas a primeira posição da chave não está garantida. Para não depender do resultado de Suíça x Sérvia, a seleção precisa ao menos do empate.
Alves vai ocupar a vaga de Danilo, que lesionou o tornozelo esquerdo na primeira rodada, diante da Sérvia. Contra a Suíça, na rodada seguinte. Tite preferiu improvisar o zagueiro Militão no setor.
Escolhido para falar com a imprensa nesta quinta-feira (1º), Daniel Alves poderia ir pronto para a guerra depois de ouvir tudo o que foi falado sobre ele. Da lista de 26 jogadores chamados por Tite, o nome do lateral foi o mais contestado. Está há mais de três meses sem jogar e tem contrato com uma equipe do México, o Pumas, não um time que atua em uma liga de ponta do futebol mundial. Antes disso, saiu do São Paulo sem ter brilhado como se esperava.
Se a experiência dele serve em campo, também tem serventia fora dele. Eloquente e bem-humorado, tirou de letra as perguntas. Com a frase "se tiver que tocar pandeiro, eu vou ser o melhor pandeirista que você verá", arrancou risos. Sentiu-se à vontade o tempo todo na sala do Qatar Convention Center.
"Seleção e Copa não são somente estar no melhor momento no clube. É estar no melhor momento dentro da seleção. Isso eu tento fazer desde 2003, quando cheguei pela primeira vez", lembrou.
Tite nunca fez muita questão de esconder ter chamado o veterano lateral mais pelo que ele representa fora de campo, pela experiência e capacidade de unir o grupo. Mas ele já estava decidido a chamá-lo fazia muito tempo.
Quando Alves sofreu lesão no ligamento do joelho direito em 2018, a dois meses da Copa da Rússia, parecia fim de linha. Estava com 35 anos e se preparava para o que seria, na teoria, seu último Mundial. Não era fácil imaginá-lo no Qatar. Mas Tite lhe prometeu na época que, se estivesse em boas condições físicas em 2022, seria convocado.
Por isso Alves se empenhou muito nos últimos meses e foi treinar no Barcelona B para estar bem. O auxiliar de Tite, Cléber Xavier, elogiou a dedicação do veterano lateral e sua forma atual.
"Eu disse para eles me darem uma missão, e eu cumpri", completou o jogador.
Não é a primeira vez. Em 2010, na África do Sul, Maicon estava em grande fase na lateral direita. Quando Elano se machucou e abriu uma vaga no meio-campo, foi Daniel Alves quem a ocupou. Com 125 participações, é o terceiro que mais vestiu a camisa da seleção brasileira. Está atrás apenas de Roberto Carlos (132) e Cafu (150).
Não foi só na seleção brasileira que ele fez bem ao grupo. Dono do recorde de 42 títulos na carreira, marcou sua histórica passagem pelo Barcelona (2008-2016) também por ser capaz de aproximar colegas.
Quando ficou claro que Neymar deixaria o Santos para se juntar ao clube catalão, muito antes de se transferir realmente para a Espanha, em 2013, o lateral começou a fazer meio-campo para a amizade (que dura até hoje) entre Messi e o atacante brasileiro florescer. Eles começaram a se enfrentar remotamente em jogos de videogame.
Na semana passada, deu-se ao trabalho de atacar Mbappé para proteger seus amigos. Disse que, do trio ofensivo do Paris Saint-Germain, Neymar e Messi eram muito maiores que o francês. Quando sofreu a lesão em 2018, Alves atuava pelo PSG.
"A vida me ensinou que, quando você coloca sua mente naquilo que deseja, quando você coloca trabalho, dedicação, proceder, ela o leva a lugares inimagináveis. É isso o que está acontecendo agora", declarou, prestes a disputar o terceiro Mundial da sua carreira.
Foi por causa desse tipo de mensagem, a mesma que passa na concentração aos companheiros mais jovens, que Tite o convocou. Mas não só por isso. Todas as vezes que ouviu ter levado Daniel Alves para a Copa apenas para unir os atletas, o técnico reagiu. Era também pelo futebol. A partida desta sexta-feira comprova isso.
"Não estou aqui para agradar ao Twitter", respondeu o treinador, em uma declaração que foge um pouco à sua personalidade calma e contida.
A questão passa a ser também o que fazer caso Danilo não possa voltar nas oitavas de final. Quem será escalado na lateral direita? Daniel Alves pode mostrar contra Camarões não ter ido ao Qatar "tocar pandeiro", como mesmo definiu.
Em outras posições, há quem também pense de maneira parecida e possa aproveitar a oportunidade recebida. Tite vai colocar em campo Ederson no gol, Bremer na zaga, Fabinho e Bruno Guimarães no meio-campo, Rodrygo, Antony, Martinelli e Gabriel Jesus no ataque.
A principal dúvida era entre Rodrygo e Everton Ribeiro, mas o treinador acredita que o jogador do Real Madrid, que quase sempre entra como substituto, merece uma oportunidade como titular. Militão será deslocado para a zaga, e Alex Telles vai ocupar a vaga do lesionado Alex Sandro.
O Brasil lidera o Grupo G, com seis pontos. A Suíça aparece em segundo, com três, enquanto Camarões e Sérvia estão empatados com um ponto cada.
O rival da seleção brasileira entra em campo buscando a vitória e torcendo por um empate entre Suíça e Sérvia -ou por uma vitória dos sérvios. Desta forma, haverá igualdade de pontos e a decisão da vaga nas oitavas será pelos critérios de desempate, começando pelo saldo de gols.
O técnico camaronense Rigobert Song não tem desfalques confirmados, e deve começar a partida com: Epassy; Collins Fai, Castelletto, N'Koulou e Nouhou Tolo; Anguissa, Hongla e Kunde; Mbeumo, Aboubakar (Toko Ekambi) e Choupo-Moting.
Estádio: Lusail, em Doha (Qatar)
Horário: ÀS 16h (de Brasília) desta sexta-feira (2)
Árbitro: Ismail Elfath (EUA)
VAR: Alejandro Hernández (Espanha)
Transmissão: Globo, SporTV, Globoplay, Fifa+ e CazéTV (Twitch/YouTube