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Cinco erros que ajudam a explicar a eliminação do Brasil na Copa do Mundo

A equipe de Tite era vista como favorita, o time a ser batido, devido a sua campanha invicta nas Eliminatórias da Copa (14 vitórias e três empates) e também aos nomes de seu elenco, comandado em campo pelo atacante Neymar, até então em boa forma física e técnica.

Cinco erros que ajudam a explicar a eliminação do Brasil na Copa do Mundo
Notícias ao Minuto Brasil

08:48 - 10/12/22 por Folhapress

Esporte Eliminação

CLAUDINEI QUEIROZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Única pentacampeã mundial, a seleção brasileira sempre chega a uma Copa do Mundo como candidata ao título. No Qatar, porém, a equipe de Tite era vista como favorita, o time a ser batido, devido a sua campanha invicta nas Eliminatórias da Copa (14 vitórias e três empates) e também aos nomes de seu elenco, comandado em campo pelo atacante Neymar, até então em boa forma física e técnica.


Nesta sexta-feira (9), porém, a segunda eliminação seguida do Brasil nas quartas de final, com derrota nos pênaltis pela Croácia, expôs as falhas que tiveram influência direta no resultado final e na volta antecipada para casa.

1 - FALTA DE AMISTOSOS CONTRA SELEÇÕES FORTES
Há cerca de cinco meses, o técnico Tite anunciou que a seleção brasileira não disputaria amistosos às vésperas da Copa do Qatar. O motivo apontado pela comissão técnica era evitar risco de lesões nos jogadores. Como o treinador teria apenas dez dias de preparação do grupo antes da estreia no Mundial, contra a Sérvia, ele resolveu evitar disputas mais acirradas.


À época, o treinador afirmou que essa decisão foi influenciada pelas opiniões dos ex-jogadores Juninho, Cesar Sampaio e Taffarel, que fazem parte da sua comissão. "Eu disse: cinco dias antes da Copa vamos fazer amistoso, e eles (ex-jogadores) me olharam e foram indo para trás. O risco de lesão supera o benefício técnico e tático quando é muito próximo. Se é para ser, tem que ser nove ou dez dias antes, por exemplo, como o jogo que o Peru vai fazer. Muito próximo, a cabeça não funciona, e, quando ela não funciona, o corpo não funciona. Para mim, a resposta é não", disse Tite.


Antes da Copa da Rússia, em 2018, também com Tite no comando, o Brasil enfrentou Croácia e Áustria na preparação. Porém o período de treinos na ocasião foi de três semanas.


No Qatar, a seleção se deu bem contra Sérvia e Suíça na fase de grupos, mas, ao enfrentar a Croácia, uma equipe mais forte e experiente em jogos decisivos, acabou sendo eliminada.

2 - CONVOCAÇÃO DESEQUILIBRADA
A convocação do grupo final para disputar a Copa teve um nome mais contestado: o lateral direito Daniel Alves, de 39 anos, que estava sem atuar havia dois meses. Ele foi bancado pelo técnico Tite, que citou sua experiência e liderança no grupo. No entanto, quando teve chances de utilizá-lo na Copa, como na lesão do titular Danilo, o treinador optou pela improvisação de Éder Militão.


Dani Alves só entrou como titular no duelo contra Camarões, na última rodada da fase de grupos, quando o Brasil já estava classificado às oitavas de final. Assim, o duelo serviu apenas como um amistoso de luxo.


Outro problema da convocação foi a fartura de atacantes chamados em contraste aos poucos defensores. Tanto que, com as lesões dos laterais Danilo, Alex Sandro e Alex Telles, Tite precisou fazer improvisações.


Enquanto isso, lá na frente, o comandante tinha muitas opções, mas que não conseguiram render o que a torcida esperava. Apenas Vinicius Junior e Richarlison tiveram atuações sólidas sempre que estiveram em campo.

3 - PRODUÇÃO INCONSTANTE DE NEYMAR
O Brasil estreou com uma boa vitória sobre a Sérvia, mas o atacante Neymar sofreu lesão no tornozelo que o deixou fora dos dois jogos seguintes, contra Suíça e Camarões. Na sua volta, nas oitavas de final, encontrou um cenário perfeito para jogar, uma vez que a Coreia do Sul não tem uma marcação tão forte quanto a dos outros rivais.
Assim, ele pôde circular em campo, sofrendo apenas três faltas, e ainda marcou um gol, de pênalti.


No jogo contra a Croácia, no entanto, ele teve na maior parte do tempo uma participação bem abaixo da média, com pouca movimentação em campo. O gol no primeiro tempo da prorrogação foi um lampejo do bom jogador, mas o momento acabou não sendo decisivo.


Se ele ainda sente dores no tornozelo machucado, não se sabe, mas em muitas jogadas do Brasil, principalmente na defesa, ele só andou em campo. Faltou o algo mais do principal nome da equipe, para colocar fogo nos companheiros mais jovens.

4 - SUBSTITUIÇÕES POUCO EFETIVAS
O comandante falhou nas substituições no jogo decisivo contra a Croácia ao não achar soluções para surpreender o adversário. Quando o time precisava encontrar formas de furar o bloqueio defensivo rival, o comandante fez apenas substituições de seis por meia dúzia: Rodrygo no lugar de Vinicius Junior, Antony no de Raphinha e Pedro no de Richarlison.


Com os três novos jogadores, a atuação brasileira não teve grandes mudanças. Melhorou um pouco com a velocidade de Antony na direita, uma vez que Raphinha não estava em um bom dia, mas os croatas não precisaram mudar seu sistema defensivo, que continuou encaixado no estilo de jogo brasileiro.


E, quando acharam um contra-ataque, foram fulminantes e fizeram o gol no único chute que acertaram na meta de Alisson.

5 - DECISÕES ERRADAS NO JOGO
A grande falha contra a Croácia foi justamente a jogada que deu origem ao gol do rival, levando a decisão para os pênaltis. O volante Fred entrou no lugar do meia Lucas Paquetá após o gol de Neymar, na prorrogação, para compor a defesa e segurar a pressão do rival, que partiu com tudo para o ataque. No entanto, Fred se lançou à frente, enrolou-se com Pedro e proporcionou o contra-ataque. Com a defesa desguarnecida, os croatas chegaram ao empate.


Durante a partida, a marcação brasileira também esteve frouxa no meio de campo, dando muito espaço para a criação de Modric, que, mesmo aos 37 anos, movimentou-se por todo o campo, municiando o ataque.


Após o jogo, o técnico Tite afirmou que não houve desorganização do time brasileiro no lance do empate.
"Não concordo com a desorganização. Primeiro, estávamos em uma ação ofensiva, colocando volume na frente, e a jogada foi quebrada. No que ela foi quebrada e pressionada, tivemos com o Pedro a infiltração do Fred, uma bola espirrada na frente, Danilo dá e volta, e nesse vai e vem uma bola puxa fundo. Conseguimos voltar e fechar a parte central do campo, mas a bola veio para trás, finaliza, desvia e entra, em uma única finalização", disse.


Um último ponto que ganhou críticas nas redes sociais após a eliminação foi a sequência de jogadores brasileiros para as cobranças de pênalti. Torcedores questionaram por que o primeiro foi Rodrygo, o jogador mais jovem do elenco (21 anos), enquanto Neymar, 30, acabou não tendo a oportunidade de cobrar, uma vez que a disputa terminou antes (4 a 2). O camisa 10 disse que foi um pedido de Rodrygo iniciar a série.

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