'Compositor' Ney Franco retorna ao futebol, cita Neymar e título de 12 anos
Em entrevista ao UOL, o treinador compartilha suas experiências com as categorias de base, explica por que Neymar não foi eleito o melhor jogador do mundo, recorda o último título conquistado com o São Paulo em 2012, na Copa Sul-Americana, além de falar sobre música, Flamengo e outros temas.
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Esporte NEY-FRANCO
VANDERLEI LIMA
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Aos 58 anos, Ney Franco retorna ao futebol. No final de novembro, ele assinou contrato com o ABC de Natal para a próxima temporada.
Em entrevista ao UOL, o treinador compartilha suas experiências com as categorias de base, explica por que Neymar não foi eleito o melhor jogador do mundo, recorda o último título conquistado com o São Paulo em 2012, na Copa Sul-Americana, além de falar sobre música, Flamengo e outros temas.
BASE E CARREIRA NO CRUZEIRO
Experiência na base: Ney Franco destacou seus 13 anos de trabalho na base, com 10 deles no Cruzeiro como treinador. Ele credita ao clube mineiro sua formação como técnico, onde aprendeu não apenas a parte técnica e tática, mas também a importância de integrar categorias de base com o elenco profissional.
Ele esteve presente na época da Tríplice Coroa em 2003, sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, e ressaltou a abertura do treinador para aproveitar jovens jogadores da base, como Wendel e Gomes.
NEYMAR: TALENTO E POTENCIAL
Ney Franco liderou a seleção brasileira Sub-20 em 2011, que incluía nomes como Neymar, Casemiro e Oscar. Ele classificou Neymar como um jogador diferenciado desde o início.
Ele acredita que Neymar tinha potencial para ser o melhor do mundo, mas foi prejudicado por lesões e mudanças de posição. "Em alguns momentos dessa disputa, tinha Messi e Cristiano Ronaldo, um posto acima dele, até pela experiência e a qualidade".
O técnico argumenta que Neymar rendeu mais quando jogava aberto pelo lado esquerdo, como no Barcelona, do que em posições mais centrais no PSG.
Ney mantém a confiança no retorno de Neymar a um grande nível, especialmente considerando sua idade (32 anos) e experiência, o que pode ser um diferencial na próxima Copa do Mundo.
RETORNO AO MERCADO
Ney Franco admitiu enfrentar desafios para voltar às grandes equipes após uma pausa em 2022. Ele percebe um mercado mais competitivo e acredita que sua trajetória, incluindo conquistas importantes como a Sul-Americana de 2012 pelo São Paulo, ainda pode abrir portas no futuro.
Para ele, embora o treinador tenha controle sobre o trabalho diário e a preparação da equipe, os resultados negativos nem sempre são responsabilidade exclusiva do técnico. Muitas vezes, erros administrativos também afetam o desempenho, mas são menos discutidos pelas diretorias.
MÚSICA, FUTEBOL E OS DESAFIOS NO ABC
Ney Franco compartilhou uma história curiosa de sua juventude, onde, em vez de seguir com um teste no Cruzeiro, escolheu investir em um disco de Baby Consuelo e Pepeu Gomes. A música, segundo ele, sempre fez parte de sua vida, embora nunca tenha-se considerado um músico profissional.
A música está presente no meu dia a dia, sou totalmente dependente dela para qualquer atividade.
Ney Franco revelou até mesmo que compôs músicas, como "Tava na beira do caos" e "Sonho de menino - O homem gol". Teve a honra de ver uma de suas letras musicada por Michael Sullivan, e até gravada por Xande de Pilares.
SÃO PAULO E ROGÉRIO CENI
O ex-treinador do São Paulo também refletiu sobre sua passagem pelo clube, destacando a recuperação do time em 2012, onde terminou o Campeonato Brasileiro em 4º lugar e conquistou a Copa Sul-Americana. A relação com Rogério Ceni, entretanto, foi marcada por polêmicas na época, especialmente sobre a influência do goleiro nas decisões de contratação.
Ney Franco, porém, destacou que não houve interferência de Ceni nas escolhas do elenco durante seu período como técnico.
O Rogério sempre teve um posicionamento forte em relação à parte tática e foi um líder dentro de campo.
Atualmente treinador do ABC de Natal, Ney Franco está otimista com o projeto do clube, que tem como objetivo o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro. Mesmo com dificuldades financeiras, ele acredita que a equipe tem potencial para se destacar na próxima temporada. "Vamos lutar por títulos e, principalmente, colocar o ABC na Série B", afirmou.
Por fim, Ney Franco abordou os desafios enfrentados por treinadores brasileiros, citando a falta de paciência com técnicos nacionais, em contraste com a maior tolerância dada aos estrangeiros.