Presidente da CBT vira réu na Justiça por desvio de dinheiro público
Em uma investigação do TCU e do Ministério do Esporte, o desvio também foi detectado
© Cristiano Andujar / CBT
Esporte Ténis
A Justiça Federal de São Paulo aceitou denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra o atual presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Jorge Lacerda. Agora réu, o dirigente responde a acusação de desvio de desvio de dinheiro público.
De acordo com os dois procuradores que assinam a denúncia, Gustavo Torres Soares e Priscila Pinheiro de Carvalho, houve uma fraude por meio de um convênio com o Ministério do Esporte que desviou R$ 440 mil.
"Mediante expediente fraudulento [confecção de falsos comprovantes de despesas e falsa prestação de contas ao Ministério do Esporte] desviaram recursos para proveito indevido", afirma a denúncia do MPF, ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso.
Outras pessoas também são acusadas de terem participado da fraude, entre elas está o ex-tenista Dacio Campos, que hoje trabalha como comentarista do SporTV.
De acordo com os documentos, o desvio teria acontecido durante a organização de um torneio de tênis em 2011. A confederação captou, por meio de um convênio, dinheiro com o ministério para a realização do campeonato, mas mentiu, segundo a acusação, no uso do recurso.
O aluguel da quadra saiu de graça, mas a entidade colocou em notas o valor de R$ 400 mil e deu outro comprovante, no valor de R$ 40 mil, como se houvesse tido reforma no local, o que também não aconteceu, dizem os procuradores. Esses valores foram depositados para empresas ligadas ou de posse do próprio denunciado.
Em uma investigação do TCU e do Ministério do Esporte, o desvio também foi detectado, o que obrigou a confederação a devolver o dinheiro, conforme está descrito na denúncia feita. O dinheiro que voltou para a União saiu dos cofres da entidade e não do bolso do acusado.
A Justiça aceitou a acusação no último dia 3 de outubro. A partir de agora, o réu terá que fazer sua defesa.
Jorge Lacerda é presidente da confederação desde 2004 e está terminando o seu terceiro e último mandato à frente da entidade. Ele será substituído em 2017 por Rafael Westrupp, eleito em julho, que atualmente preside a Federação Catarinense de Tênis (FCT) e é diretor executivo da confederação.
OUTRO LADO
A reportagem tentou entrar em contato com o presidente da CBT, mas até o momento não obteve resposta.
Ao UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha de S.Paulo, Dacio Campos rejeitou a acusação de que a CBT teria agido como intermediária para a captação da verba. Segundo o comentarista, ele realizou serviços para a CBT e emitiu uma nota fiscal. Campos afirmou também que possui todas notas fiscais de terceiros contratados por ele.
"Eu sou produtor, não sou promotor do evento. E eu só mudei o evento porque a ATP me mandou mudar. No Harmonia, eles me cederam uma quadra, e não uma arena como constava no projeto. Então tudo que compõe uma arena eu tive que montar. Eu tive que montar banheiros, fazer restaurante, área VIP. No WTC, eu não precisaria porque estaria tudo pronto. Então o dinheiro sairia da CBT para o WTC. Estaria tudo certo", disse o comentarista. Com informações da Folhapress.