Título do Brasileiro serve para coroar a volta por cima do Palmeiras
Um simples empate basta para, após 22 anos, o time soltar o grito de campeão brasileiro
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Esporte Campeonato
O dia era 7 de dezembro de 2014, ano do centenário do clube. No estádio Allianz Parque, em São Paulo, o Palmeiras empatava com o Atlético Paranaense por 1 a 1 e se salvava da queda para a Série B do Campeonato Brasileiro graças ao Santos, que derrotou o Vitória por 1 a 0. Menos de dois anos depois, o time alviverde vive uma fase que nem o mais fanático torcedor poderia imaginar. Contas equilibradas, elenco forte, torcida enchendo a arena, orgulho em alta e apenas um simples empate basta para, após 22 anos, o time soltar o grito de campeão brasileiro e coroar uma virada administrativa de encher os olhos.
Maurício Galiotte vai assumir um clube em uma rara posição. Ao contrário do habitual, quando um novo dirigente chega precisando "apagar incêndio", refinanciar dívidas e precisando cortar gastos para não se afundar em dívidas, ele assume o clube tendo apenas que aparar algumas arestas e mostrar que o clube está, de fato, equilibrado. Tudo isso, com uma pressão muito menor, já que deverá assumir o provável campeão brasileiro e contando com um apoio quase que unânime.
"Ele vai pegar o palmeirense com a autoestima lá em cima e que quando está com bom humor e vê credibilidade naquela diretoria, abraça a ideia, como vimos acontecer. Fico feliz em entregar um Palmeiras com esse clima e tenho certeza que o Maurício será um grande presidente", disse o atual mandatário Paulo Nobre, que fica no cargo até o dia 15 de dezembro.
O clube recebe R$ 78 milhões da Crefisa por ano (sendo R$ 66 milhões em dinheiro e mais R$ 12 milhões pagos ao atacante paraguaio Lucas Barrios) e deve renovar no fim da temporada por um valor ainda maior. Neste ano, arrecadará R$ 40 milhões de renda em jogos no Allianz Parque, mais R$ 137 milhões de transmissão de TV e R$ 50 milhões do Avanti, dentre outras receitas.
Ao contrário de Paulo Nobre, que assumiu o clube em 2012 com receitas futuras já comprometidas e pegando um clube à beira da falência, Maurício Galiotte terá todo o dinheiro para utilizar e terá uma equipe pronta na mão. Naturalmente, algumas mudanças serão feitas, mas a espinha dorsal da equipe para a disputa da Copa Libertadores está pronta.
O diretor de futebol, Alexandre Mattos, deve permanecer no clube. Ele tem contrato até dezembro, mas já existe uma conversa adiantada com o futuro presidente. Quanto ao técnico Cuca, ele mantém mistério sobre o seu futuro, entretanto pode continuar. Na política, algo que pode ser fundamental para um bom governo de Maurício Galiotte é sua abertura nos mais variados grupos políticos do clube. Tanto que ele conseguiu ser candidato único e contar com o apoio das mais diferentes vertentes como WTorre, Crefisa e Mancha Alviverde, que tiveram diversos problemas com o atual presidente.
Apesar de tantas coisas, teoricamente, positivas, Maurício Galiotte sabe que a situação financeiramente é boa, mas o clube está longe de ter uma saúde financeira livre de problemas. "O Palmeiras não está nadando em dinheiro. Apenas equacionamos nossas dívidas de curto e médio prazo para longo prazo e isso dá para equilibrar as finanças. Só que as dívidas continuam existindo", disse Paulo Nobre, lembrando que o dirigente emprestou durante os quatro anos que esteve no poder, algo em torno de R$ 200 milhões. O clube ainda lhe deve R$ 115 milhões, que são pagos através de acordos sacramentados pelo Conselho de Orientação e Fiscalização do Palmeiras.
INCERTEZAS - Existe ainda a dúvida se o futuro presidente conseguirá governar com liberdade e manterá a postura que fez ter um clima harmonioso no clube. Wlademir Pescarmona, líder da oposição, espera que Maurício Galiotte não se deixe levar pela provável aproximação de Paulo Nobre em seu governo. "A gente torce para que ele governe com sua cabeça e não aceite tudo que o Nobre fale. Quando ele sentar na mesa e estiver com a caneta na mão é que a gente vai ver como ele agirá", destacou.
Confirmando o título neste domingo, o futuro presidente alviverde já começa a montar o projeto de 2017 e a esperança do torcedor é que o clube consiga, de fato, voltar a vencer e se manter no topo do futebol brasileiro. Com informações do Estadão Conteúdo.