Técnico acusado de abuso diz que denúncias foram feitas por vingança
No dia 29 de abril, uma reportagem do Fantástico deu voz às acusações de mais de 40 atletas e ex-atletas que afirmaram terem sido vítimas de Lopes
© Confederação Brasileira de Ginástica / Ricardo Bufolin
Esporte Ginástica
O ex-técnico da seleção brasileira de ginástica Fernando de Carvalho Lopes, acusado de abuso sexual, afirmou nesta quarta-feira (16) que os atletas e ex-atletas que o denunciaram o fazem por vingança.
"Com relação a muitos que me acusam, são os mesmos que bateram na minha porta pedindo pra voltar a treinar comigo", disse ele em depoimento na CPI dos Maus Tratos, no Senado Federal. "Então eu acredito sim que a coisa vai num caminho de indução e de vingança."
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Ele afirmou ainda que disputas internas entre técnicos seriam um dos motivos das acusações.
No dia 29 de abril, uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, deu voz às acusações de mais de 40 atletas e ex-atletas que afirmaram terem sido vítimas de Lopes, afastado da seleção brasileira de ginástica em 2016.
As revelações feitas pelos entrevistados convergem em um ponto: além de conversas de teor sexual, também alegam que o treinador teria tocado em partes íntimas dos alunos.
Depois da reportagem, o técnico foi afastado do Clube de Campo Mesc, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde trabalhava.
O treinador nega acusações de abuso sexual. "[Dizer] que eu sou uma pessoa rigorosa, eu sou uma pessoa brava, que eu falava palavrão é uma coisa, mas assédio sexual é outra coisa."
Lopes afirmou que as acusações se deram porque ele era um técnico "de rendimento" e afirmou que as crianças às vezes "treinavam chorando" por causa das cobranças.
"Eu fui um treinador que trabalhei com rendimento, é impossível você agradar todo mundo. Com certeza eu causei muito mais descontentamento que satisfações", afirmou.
"Só que eu nunca fui um técnico manso, pelo contrário, muitas vezes rígido. As crianças treinavam muitas vezes chorando porque tinham que cumprir suas tarefas."
O treinador negou que tenha dormido na mesma cama de atletas e disse que nunca trabalhou isoladamente com alunos. "No ginásio em que eu trabalhei haviam pais nas arquibancadas, outros treinadores e outros ginastas", disse.
O senador Magno Malta (PR-ES), que é presidente do colegiado, pediu ainda a quebra dos sigilos telefônico, bancário e telemático do treinador.
Segundo ele, há também acusações de que o técnico teria desviado recursos de bolsas dos atletas. Lopes afirmou que chegou a cortar o pagamento de atletas que faltassem aos treinos, mas negou qualquer desvio.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos maus-tratos aprovou a convocação do ex-técnico da seleção brasileira de ginástica no dia 8 de maio.
O autor do requerimento, Malta, justificou que a convocação é necessária para contribuir com a investigação e o esclarecimento de recentes notícias que "informam diversos casos de abuso sexual de meninos cometidos pelo ex-técnico".
Lopes já enfrentava na Justiça uma acusação feita em 2016, pelos pais de um menor de idade que havia trabalhado com ele no Mesc.
Então, a menos de um mês da Olimpíada do Rio, a CBG desligou o então treinador do ginasta Diego Hypolito na seleção brasileira masculina de ginástica artística.
"Sempre que tem um momento pertinente eu sou colocado em xeque: tinham cinco treinadores e três vagas para as Olimpíadas", afirmou Lopes à CPI.
Hypolito depôs no dia 4 de maio em São Bernardo do Campo, mesmo dia em que a Polícia Civil fez buscas na casa do técnico.
Ao final da sessão da comissão, o senador convocou a supervisora do clube em que Lopes trabalhava para depor na CPI. Ainda não há data marcada para a oitiva. Com informações da Folhapress.