Brasil é favorito e tem protagonismo, diz técnico da Costa Rica de 2014
Jorge Luis Pinto, que comandou a equipe costarriquenha na Copa de 2014, no Brasil, falou com o Esporte ao Minuto
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Esporte Entrevista
Responsável por uma das maiores 'zebras' da história das copas, o treinador Jorge Luis Pinto, 65 anos, assiste ao Mundial da Rússia de um lugar menos comum em sua carreira, das arquibancadas. Em conversa com o Esporte ao Minuto, sem rodeios, ele aponta logo de cara o Brasil como seu principal favorito para levantar a taça na terra de Vladimir Putin, líder da Federação Russa há 18 anos.
"(Meu favorito) É sempre o Brasil. Tem protagonismo, tem uma boa geração, bons jogadores. Tite faz um bom trabalho", opinou o colombiano, que, atualmente, é comentarista da Fox Sports, mas com a carreira ainda ativa: comandou a Costa Rica na Copa de 2014, no Brasil.
Na ocasião, Pinto conseguiu algo inimaginável: classificar a seleção da América Central em primeiro lugar. No grupo, nada menos que três campeões mundiais, como a Inglaterra, a Itália e o Uruguai. Para ele, a equipe que está na Rússia, comandada por Óscar Ramírez, tem muito a mostrar, mesmo tendo perdido na estreia.
"Não sei se a Costa Rica conseguirá manter o nível que tivemos no Brasil em 2014. Seria lógico, porque tem uma experiência imensa, quatro anos de trabalho, 60 partidas, o que faz com que os jogadores acumulem uma experiência muito grande. Sobre passar de fase, eu acredito que, sim, que seja possível. Ainda há no elenco oito titulares que estavam comigo no Brasil e três reservas. Penso que, por isso, têm capacidade de fazer um trabalho tão bom quanto o que fizemos na Copa passada."
Após se classificar em primeiro (em 2014), a Costa Rica cruzou com a Grécia nas oitavas e conseguiu se classificar nos pênaltis. Nas quartas, a Holanda entrou no caminho dos costarriquenhos. No gramado, um 0 a 0 difícil e vitória da Laranja nas penalidades. A boa campanha causou um alvoroço em cima dos jogadores do país. Joel Campbell, Bryan Ruíz e Keylor Navas, principalmente, conseguiram se firmar no continente europeu.
Mesmo não sendo novidade em mundiais, era uma 'zebra' na melhor definição. Em 1990, caiu, assim como em 2018, no Grupo do Brasil. E vale lembrar que, na Copa da Itália, também de forma surpreendente, conseguiu se classificar em uma chave que tinha a forte Suécia, que havia se classificado para o Mundial em primeiro, jogando com a Inglaterra, que foi eliminada nas semifinais, com sua melhor seleção desde 1966, para a repescagem europeia.
Em 2002, mais uma vez o Brasil pela frente. Desta vez, eliminada na primeira fase. A goleada de 5 a 2 para a equipe de Luiz Felipe Scolari afetou o saldo de gols, e a Turquia acabou passando. Pela frente, a Costa Rica tem o Brasil, na próxima sexta, em São Petersburgo, e a Suíça, no dia 27 de junho.
COLÔMBIA
Pinto também comentou sobre a seleção de seu país, a Colômbia. Eliminada para o Brasil nas quartas, em 2014, La Tricolor, que segue com Jose Pekerman no comando, viu seu principal astro, James Rodríguez, acabar o Mundial com transferência encaminhada para o Real Madrid, chuteira de ouro, após ser o artilheiro da Copa com seis gols, e terminar o ano com o Prêmio Puskás, pelo golaço marcado sobre o Uruguai, nas oitavas.
Quatro anos depois, na Rússia, estreia com derrota por 2 a 1 para o Japão, após erros individuais. Carlos Sánchez, volante, foi expulso logo aos três minutos por cortar uma bola com a mão dentro da área. O lance ainda ocasionou um gol de pênalti para o Japão. Segundo Jorge Pinto, a idade dos jogadores influenciou na partida ruim dessa terça-feira (19).
"A seleção da Colômbia, hoje, tem jogadores mais experientes, com muita rodagem internacional, mas são atletas muito mais jovens. Se usarmos como exemplo a derrota contra o Japão, é possível ver que estes mais novos sentiram a responsabilidade e pressão. A equipe não jogou bem porque os jogadores que estrearam sentiram o peso do Mundial", explicou o treinador, acrescentando que a seleção de 1994 foi a maior da história do país.
Após golear a Argentina dentro de Buenos Aires por 5 a 0, nas Eliminatórias, Valderrama, Rincón e companhia chegaram aos Estados Unidos com ares de favoritos. Mas a história foi escrita de outra forma.
"Eu acredito que a seleção de 94 foi muito boa, a melhor geração da Colômbia, mas eles não quiseram ser grandes. Assim é o futebol, uns querem, outros não."
Eliminada na primeira fase, com derrota para os donos da casa e para a Romênia, de Hagi e Radouciou, a seleção colombiana ainda precisou lidar com a trágica morte de Andrés Escobar, zagueiro assassinado por uma briga de bar. Ele havia marcado um gol contra na partida diante dos norte-americanos.
TAÇA
Voltando às expectativas para a Rússia, Pinto também coloca outras duas seleções no caminho da taça Fifa. "A Alemanha, que, mesmo tendo perdido para o México, é a equipe mais bem posicionada, tem o melhor jogo, um futebol muito equilibrado, também é favorita. A Bélgica, que começou muito bem, espero que chegue à final."
Ele também faz questão de citar a Argentina, mas sem muita esperança. Instável, ele crê que a 'Messidependência' pode prejudicar. "A realidade da Argentina muda a cada dia. A seleção depende do Messi. Não sei se uma equipe assim pode ganhar um Mundial". declarou.
PASSADO E FUTURO
Com uma passagem ruim pela seleção de seus país, Pinto encerra a entrevista falando novamente da equipe colombiana. Questionado se pensa em treinar o time mais uma vez, ele é claro. "Lógico que penso. Não sei se terei a oportunidade, mas espero que sim. Se não for o caso, trabalhamos em qualquer parte", afirmou.
Seu último trabalho foi como treinador da seleção de Honduras. Ele chegou a comandar a equipe olímpica do país e, na Rio 2016, conseguiu colocar os jovens na semifinal, mas perderam para o Brasil por 6 a 0. Na disputa do bronze, derrota para a Nigéria, por 3 a 2, em um dos melhores jogos da competição.