Pogba ressurge na Copa da Rússia após período em baixa
. Entre as Copas de 2014 e de 2018, o volante subiu, desceu, foi preterido, se envolveu em polêmicas, mas alcançou a redenção
© Getty Images
Esporte Craque
A volta por cima de Paul Pogba no futebol está quase completa. Entre as Copas de 2014 e de 2018, o volante subiu, desceu, foi preterido, se envolveu em polêmicas, mas alcançou a redenção. Agora, pode ser campeão mundial à frente de um dos times mais talentosos que a França já formou.
Escolhido a revelação do Mundial no Brasil, Pogba pintava como o grande candidato a empilhar os troféus de melhor do mundo na sequência da dupla Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Um volante técnico ao extremo, o francês brilhava na Juventus em campo, mas fora dele começou a se envolver em polêmicas que prejudicaram seu futebol.
Em quatro anos, chegou ao ponto de ninguém mais o querer. O italiano Carlo Ancelloti, por exemplo, disse há dois anos que em dois clubes que dirigiu, o Real Madrid e o Bayern de Munique, o nome de Pogba entrou em pauta em algum momento, mas qualquer tratativa era barrada. "É um ótimo jogador, mas não tinha o perfil que precisava no momento", disse.
Qual esse perfil? O de provocador. Pogba gosta disso. Na Euro 2016, por exemplo, após a França fazer o segundo gol em partida contra a Albânia, fez um sinal de banana para os torcedores, em época que o fair play é tratado por federações como a Fifa e a Uefa como tema essencial para o futebol.
Na Inglaterra, já no Manchester United, disse certa vez que torcia para que todos os principais jogadores do Manchester City se machucassem, já que se enfrentariam na rodada seguinte. A frase irritou o técnico Pep Guardiola, do City, que num primeiro momento achou que Pogba se expressara mal, que não podia desejar o mal a colegas de profissão. "E espero que ele não se machuque e jogue", concluiu Guardiola.
No United, sua relação com o técnico José Mourinho é de altos e baixos. Mas muito mais de baixos. Duas pessoas de forte personalidade, Mourinho e Pogba vivem a negar desavenças, mas já trocaram farpas via imprensa. O francês já parou o banco, assim como já foi ovacionado pelo técnico.
Com apenas 25 anos, todos esses problemas fizeram Pogba deixar de ser candidato a melhor do mundo para ser visto como jogador problema. A derrota da França na final da Euro-2016 fez com que sua geração fosse decretada como derrotada. Suas atitudes extracampo passaram a ofuscar o que fazia dentro dele, e o meio-campista passou a ser chamado de displicente.
Curiosamente, isso não afetou sua marca, que é bem trabalhada pela Adidas, empresa de material esportivo com quem tem contrato. Apesar da carreira entrar num compasso de espera, é a foto de Pogba que aparece com destaque nas lojas da empresa espalhadas por shoppings russos.
"Podem me criticar quanto quiserem pelo que faço fora de campo, mas não pelo que faço em campo. Futebol é o meu amor número 1, amo jogar futebol. E dentro de campo não tenho que ser criticado. Lá dentro, não. Quando saio de campo, volto à vida real", disse o jogador depois da vitória sobre a Bélgica.
Seu futuro profissional é uma incógnita, e suas transferências sempre geraram polêmicas. Nascido em Lagny-sur-Marne, região periférica da França, começou a jogar bola em escolinhas de bairros até chegar ao Le Havre, hoje na segunda divisão. Em 2009, quando tinha 16 anos, o Manchester United o "roubou" dos franceses, alegando que não havia um contrato assinado.
O Le Havre tentou acionar a Fifa, sem sucesso. Depois, chegou a um acordo com os ingleses, com valores nunca divulgados. Mas como diz o ditado "aqui se fez, aqui se paga". E o United perdeu o volante três anos depois, quando ele assinou um pré-contrato com a Juventus, não querendo renovar para ficar em Manchester. Na época, o manager Alex Ferguson chamou Pogba de traidor.
Só que, quatro anos depois, em 2016, o traidor voltou à Inglaterra a peso de ouro: € 120 milhões (R$ 540 milhões), na maior transação da história até então. Ainda mais para um jogador de meio de campo. A queda de produção do jogador depois disso frustrou o Manchester United, que não sabia mais o que fazer com ele. Agora, com as boas atuações na Rússia, talvez o caso de amor dure mais alguns anos. Com informações da Folhapress.