Humor e carisma de Griezmann cativam a França
"Eu sou o mesmo de dois anos atrás. Faço as mesmas coisas. Jogo Fortnite, bebo mate, vejo jogos de futebol. Esse sou eu", disse o atacante
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Esporte Final
O nome é Antoine Griezmann, mas pode chamar de "Carismann". O meia-atacante de 27 anos chegou na Rússia com o status de craque da França na Copa, mas perdeu o posto no decorrer da competição para a revelação Mbappé, Por ele, tudo bem.
Carismático, brinca com todos, inclusive jornalistas, e se diverte até quando lembram que faz um Mundial mais discreto se comparado com a Euro-2016 -em que foi o artilheiro, com seis gols. Na Rússia fez três, dois de pênalti, mas no seu entendimento isso mostra que a França, em 2018, tem um time mais equilibrado.
"Eu sou o mesmo de dois anos atrás. Faço as mesmas coisas. Jogo Fortnite, bebo mate, vejo jogos de futebol. Esse sou eu", disparou o atacante antes de encarar a Croácia na final da Copa do Mundo.
O mate de Griezmann, que faz questão de tomar na concentração e algumas vezes até em deslocamentos entre hotéis e ônibus, foi assunto na Copa antes de a França enfrentar o Uruguai, nas quartas de final. Sua relação com atletas uruguaios, desde os tempos de Real Sociedad, clube pelo qual despontou, é de cumplicidade. Beber o mate foi uma das heranças dessa relação.
O hábito gerou até leve crítica do atacante Luis Suárez, que disse que mesmo se quisesse Griezmann jamais seria uruguaio. Depois da vitória de 2 a 0, um jornalista perguntou a Griezmann que já que Suárez não o queria como uruguaio, que ele virasse argentino. "Não, chance nenhuma. Eu sou é uruguaio", disse rindo.
O vício em Fortnite, o game de tiros que simula uma batalha em uma ilha, faz com que ele comemore seus gols com referência ao jogo. Ele faz uma dancinha na qual com a mão, forma a letra "L", de loser (perdedor em inglês), e é uma das marcas registradas do jogo. Entre os jogadores da França, a dancinha de Griezmann virou brincadeira, e alguns tentam imitar nos treinamentos.
O atacante até apostou que daria um presente para quem o acompanhasse nas comemorações durante a Copa -ele fez a dancinha ao marcar na estreia, contra a Austrália, e depois contra a Argentina. Contra o Uruguai, por respeito ao "país de adoção", ficou parado, sem vibrar.
Nos treinamentos, Griezmann é o mais animado. No treinamento da antevéspera da final contra a Croácia, ele e Pogba, que estavam apenas de tênis dando uma corridinha, foram um show à parte. Primeiro, ficavam tentando dar dribles acrobáticos um no outro quando cruzavam com uma bola durante o trote. Depois, pararam em uma das traves e brincaram de chutar a bola um no outro. Em de atacante, o outro de goleiro. As defesas eram espalhafatosas, não se sabe se imitando algum dos três goleiros do grupo.
REJEITADO EM CASA
O bom-humor do meia, nascido na pequena cidade de Macon, de pouco mais de 30 mil habitantes no leste da França, contrasta com o sofrimento que teve para iniciar a carreira. Na França, não teve espaço. O achavam pequeno e, pior, magrelo demais. Muitas pessoas achavam que, fisicamente, não suportaria o futebol profissional.
Atuando de forma amadora no minúsculo Macon, de sua cidade, não teve chances em times médios da França. Em um torneio amistoso contra os juniores do PSG, chamou a atenção de um olheiro, que viu no garoto de então 14 anos a facilidade de jogar com a bola nos pés e encontrar parceiros desmarcados. O levou em 2005 para um teste no Real Sociedad, time médio da Espanha, onde ficou. Dali saiu em 2014 para o Atlético de Madrid, pela bagatela de 30 milhões de euros. Estava a um passo de se tornar uma estrela.
O sucesso não fez Griezmann mudar. Seu carisma cativa o grupo e o torna um dos caras que os jovens respeitam. Foi ele, por exemplo, quem comandou o batismo dos novatos como Pavard, Lucas Hernández e Mbappé, que por alguns dias, no início da concentração, serviram de garçons aos companheiros mais velhos. Griezmann foi o escolhido porque ao mesmo tempo em que brinca com todos, também é respeitado. Fez parte, por exemplo, da comissão de jogadores que definiu a premiação que os atletas receberão em caso de título (cerca de R$ 2 milhões para cada um).
"Temos que amar a França. Temos um povo bonito, ótimos jogadores, jornalistas bonitos também, comemos bem. Os jovens têm que ter orgulho da França", disse recentemente. Griezmann chegou na Copa com status para brigar pelo prêmio de melhor jogador, mas não deve alcançar esse troféu. Mesmo assim ganhou sua Copa do Mundo com um bom futebol e descontração. Com informações da Folhapress.