Mulheres lideram a organização do GP no Brasil
Apesar de ter apenas 23,6% de mulheres entre os torcedores na última edição do GP do Brasil, nos bastidores a relação é diferente
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Esporte Competição
A Fórmula 1 é um ambiente majoritariamente masculino. Desde 1992 uma mulher não participa de um Grande Prêmio entre os pilotos - apesar de não haver nada que as impeça de acordo com o regulamento. Seja entre o público, nas equipes de cada uma das escuderias e até mesmo em relação a cobertura jornalística a presença feminina é pequena. Apesar de ter apenas 23,6% de mulheres entre os torcedores na última edição do GP do Brasil, nos bastidores a relação é diferente: elas que exercem a maior parte das funções na organização do evento.
Claudia Ito, CEO da empresa organizadora do GP em solo brasileiro, explica que ela é só uma das muitas mulheres no comando e que aproximadamente 80% das 25 vagas fixas da companhia são ocupadas por figuras femininas. "A nossa diretora financeira, diretora operacional, a parte de imprensa, a logística, todas essas funções têm mulheres na liderança", contou.
O motivo dessa preferência não vem nem dela, mas sim de Tamas Rohonyi, promotor da prova e dono da empresa. "Essa característica vem dele, que sempre gostou de trabalhar com mulheres. Ele acha que para este negócio específico a mulher é mais detalhista. Então além da dedicação e perfeccionismo, ele também percebeu que a gente lida com muitas tarefas ao mesmo tempo", analisou.
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O evento mobiliza 10 mil pessoas a trabalho nos três dias dentro de Interlagos. Assim como Cláudia, que trabalhou atendendo telefone e entregando credenciais como voluntária na sua primeira experiência em Interlagos, boa parte desses profissionais têm outras profissões no dia a dia. Esse é o caso de Greici Aparecida, que é gestora de segurança, mas há cerca de 25 anos - nem ela sabe ao certo - dedica uma semana do seu ano trabalhando na organização da prova. Hoje, a profissional de 52 anos que mora em Itapevi (SP) coordena o portão da área técnica e tem 19 pessoas em sua equipe.
Greici conta que já passou por algumas situações de desrespeito, com homens apontando o dedo em seu rosto e questionando sua autoridade, mas nada a fez desistir de continuar se dedicando ao evento. Pelo contrário, com o tempo de trabalho, percebeu que além de ajudar na organização da prova ela também consegue fazer a diferença na vida das pessoas que coordena. "Muitos estão desempregados, não têm o carinho que precisam em casa e acabam encontrando isso aqui. A melhor parte disso tudo é poder ensinar, receber um elogio, um abraço, um beijo, um muito obrigada... isso não tem preço", comentou.
"Deus abençoe", "vão com Deus", "até amanhã" e "muito obrigada" são algumas das frases que ela repete, com um sorriso no rosto, para cada um de seus funcionários que a cumprimenta na saída do autódromo. Assim como Greici, Fabíola Bonadie também já trabalha no evento há mais de 20 anos: começou como voluntária em uma área VIP há 22 edições atrás, mas desde 2004 tem um cargo fixo. Passou por diferentes áreas, mas hoje é a responsável por coordenar as cinco arquibancadas que têm venda a varejo.
Seu interesse não é pelo esporte em si, mas sim pelo evento. "Cresci com a Fórmula 1 por morar aqui perto de Interlagos. Eu gosto da corrida, mas confesso que sou apaixonada mesmo pela organização, pela montagem, por ver tudo acontecer, poder fazer parte disso e ainda ver a empolgação do público de perto", comentou.
Durante os três meses que atua no autódromo, Fabíola é responsável por cuidar desde a montagem das estruturas até se certificar que as equipes de alimentação, fornecedores, limpeza, manutenção e segurança estejam alinhadas nos três dias em que o circuito recebe o público. "Amo muito o que eu faço, tenho muito orgulho. As pessoas não imaginam o trabalho que dá e a quantidade de gente envolvida em fazer esse espetáculo que é a Fórmula 1 aqui no Brasil", elogiou. Com informações do Estadão Conteúdo.