Tochas do Pan do Rio 2007 serão doadas após uma década sem uso
O destino das tochas do Pan foi alvo de polêmica e investigação nos últimos anos, principalmente por causa da suspeita de superfaturamento no processo de compra
© Jamil Bittar/Reuters/Arquivo
Esporte Jogo
Após o TCU (Tribunal de Contas da União) determinar que o Ministério do Esporte apresentasse um plano de utilização das tochas olímpicas compradas para os Jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro, a pasta vai fazer agora a doação de 431 objetos que passaram mais de uma década sem uso e estão armazenados pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) no Parque Aquático Maria Lenk, na capital carioca.
O destino das tochas do Pan foi alvo de polêmica e investigação nos últimos anos, principalmente por causa da suspeita de superfaturamento no processo de compra. Relatório do TCU ao qual o Estado teve acesso apontou que, inicialmente, cada tocha custaria aos cofres do governo federal R$ 759, mas no final o valor unitário saiu por R$ 2.042, ou seja, mais do que o dobro do preço acordado.
A utilização das tochas após a realização nos Jogos Pan-Americanos também levantou suspeita de irregularidades do tribunal. O primeiro orçamento aprovado em 2007 previa a compra de quatro mil tochas. Depois, o montante caiu para 500 unidades. Em prestação de contas apresentada ao TCU, foi relatado o extravio de 19 tochas. Agora, o COB alega ter 431 objetos remanescentes sob a sua guarda.
O Ministério do Esporte pretende doar as tochas para clubes, organizações esportivas, instituições públicas com faculdade de Educação Física, institutos federais, secretarias estaduais de esporte, museus públicos e privados e o Ministério da Defesa. Para isso, abriu um edital de chamamento público, com o objetivo de selecionar as entidades beneficiadas. A previsão é de que o resultado da disputa saia no próximo mês e que a entrega seja feita em 2019.
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Em 2015, o Ministério do Esporte chegou a estipular que as tochas seriam entregues a Centros de Iniciação ao Esporte, aos ministérios da Cultura e da Educação, além do COB, Comitê Paralímpico Brasileiro e confederações esportivas. O plano, no entanto, nunca saiu do papel.
"Tratava-se, na verdade, de mera intenção, sem configurar qualquer plano efetivo, uma vez que não se sabia sequer, como não se sabe até hoje, se as possíveis entidades recebedoras concordariam com a doação", criticou o TCU.
Diante de novas cobranças feitas pelo tribunal este ano para que a utilização das tochas "traga benefícios para o esporte brasileiro", o Ministério do Esporte, então, publicou edital para que as entidades interessadas em receber as tochas se apresentassem à pasta. O Comitê Brasileiro de Clubes já lançou campanha para que seus filiados participem da disputa.
"Diferentemente da proposta inicial, prevista no primeiro acórdão do Tribunal de Contas da União de 2015, o processo em execução não gera qualquer custo de operacionalização. O novo plano também contemplará maior número de agentes do setor esportivo, alcançando entidades públicas e privadas de todo o País", defendeu o Ministério do Esporte, em nota enviada ao Estado.
Em 2007, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos, 500 tochas foram utilizadas em um tour pelo País. Cerca de três mil pessoas, entre atletas e personalidades, participaram do revezamento, que passou por 26 Estados e o Distrito Federal e durou pouco mais de um mês. Com informações do Estadão Conteúdo.