Bruno Henrique revela mágoa, mas fica no Santos após ano para esquecer
O fato é que o atacante do Santos gostaria, ao menos, de poder apagar a atual temporada da sua carreira
© Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC
Esporte Desabafo
Bruno Henrique, 27, não acredita em azar, mas teria motivos de sobra para justificar a crença em 2018.
"Não acredito nisso, minha família é toda evangélica. Estão sempre orando por mim", disse, à reportagem. "Sério, ninguém passa 365 dias do ano bem. Se há uma pessoa assim me apresente porque vou tirar o chapéu para ela".
O fato é que o atacante do Santos gostaria, ao menos, de poder apagar a atual temporada da sua carreira.
A gota d'água foi ouvir do próprio presidente do clube, José Carlos Peres, que poderia ser usado como peça em um "leilão" com clubes interessados para dar retorno aos cofres do Santos.
"Tenho contrato, vou permanecer. Ficarei no Santos", disse.
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"Nenhum jogador gosta de ser leiloado. Acho que ele [o presidente do Santos] foi infeliz nessa posição, em falar de leilão. Hoje, não sei o que presidente pensa para mim no ano que vem. Só sei que eu penso, vou ficar".
A sina de dificuldades Bruno Henrique parece não terminar. Pouco antes da entrevista, bateu o carro.
Logo na sua estreia, diante do Linense, em 17 de janeiro, com apenas sete minutos em campo, ele viu uma jogada aparentemente comum ocasionar a pior lesão da carreira. Ao tentar cruzar, a bola bateu no adversário e voltou em direção ao próprio rosto. Foram cinco tipos diferentes de lesões no olho direito.
A espera de pouco mais de três meses para voltar aos gramados foi seguida por novas decepções.
Na primeira partida, ele sofreu uma lesão muscular que o afastou por um mês dos gramados. Voltou, mas novamente teve um problema. Chocou o corpo com a trave em um lance sozinho, provocando um trauma na bacia.
Ainda sofreu com dores no joelho e um novo susto, uma pancada no mesmo olho na vitória por 1 a 0 contra o Atlético-PR, em 30 de setembro.
"A lesão foi muito grave, poderia ter perdido parte da visão. Mas pior mesmo foi o tempo que fiquei parado. Ele pesou para mim, para acarretar as lesões. Tinha receios no começo", explicou.
A temporada terminou para o jogador com apenas dois gols em 34 partidas, no banco de reservas e com o maior jejum desde a chegada ao clube. O ano ainda foi encurtado devido a um edema que trata na fíbula direita, osso da parte inferior da perna.
O Santos tem recebido sondagens e propostas pelo camisa 11, a principal delas do Cruzeiro. A contratação de Bruno Henrique é um desejo pessoal do técnico Mano Menezes, admirador de seu futebol.
Os mineiros já ofereceram R$ 20 milhões e mais uma lista de jogadores encabeçada pelo atacante Sassá. A investida foi recusada. Peres ainda disse em sua fala ter outros seis interessados.
"Tem sete times interessados Bruno Henrique. A ideia é manter o time e reforçar. Se bem que eu gosto de fazer leilão, fiz com Rodrygo, que saiu de 10 milhões de euros (cerca de R$ 43,9 milhões) e chegamos ao valor (45 milhões de euros)", disse Peres, em reunião no Conselho Deliberativo do clube.Bruno Henrique foi o principal investimento do Santos em 2017, contratado junto ao Wolfsburg, da Alemanha, por 4 milhões de euros (R$ 13,5 milhões à época). Justificou com 18 gols, principal artilheiro da equipe na temporada passada, além de ter sido responsável por assistências para os companheiros.Nascido em Belo Horizonte, ele tinha desistido do sonho de ser profissional. Até 2011, trabalhava em uma escola, como telefonista, além de realizar serviços de banco.Destaque em competição de várzea, chamou a atenção de olheiros do Cruzeiro, aos 21 anos, com três gols na final pelo Inconfidência, time de seu bairro. Não emplacou, mas o clube mudou a sua história."Tenho carinho pelo Cruzeiro, claro, não vou mentir. Tenho vontade de um dia poder jogar lá, mas tenho contrato e quero ficar no Santos", disse.O atacante, que iniciou o ano como o principal nome do Santos após as saídas de Ricardo Oliveira e Lucas Lima e foi cotado publicamente por Tite para a seleção brasileira, agora precisa recomeçar.