"Bicha, preta e pobre", Liniker está conquistando o público; conheça
O artista tem se tornado reconhecido e conquistando o público que defende a desconstrução do gênero sexual e "empoderamento" de minorias, sobretudo gays e negros
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Fama Género
Liniker Barros nasceu em 1995, sobrinho de sambista, o garoto gostava de ver os tios compondo sambas, debruçados em cadernos e cavaquinhos.
A reportagem de Folha de S. Paulo conta que ele nunca foi adepto do futebol, mesmo tendo os pais se inspirado no jogador inglês para o baterizarem com este nome. Liniker gosta mesmo é de maquiagem, brincos, colares, saia e turbante, principalmente quando está no palco, cantando black e soul music.
Liniker e os Caramelows fazem sucesso com apenas cinco meses de estrada. Em outubro, lançou na internet um EP com três faixas, "Louise du Brésil", "Caeu" e "Zero", cujo clipe já tem 1,5 milhão de visualizações no YouTube.
A publicação conta que o público desperta interesse e empatia pelo cantor de voz rouca no ritmo suingado, o batom vermelho sob um fino bigode e a naturalidade com que veste roupas femininas.
Liniker discursa em suas apresentações e fala sobre desconstrução do gênero sexual e "empoderamento" de minorias, sobretudo gays e negros.
Ele se descreve como "bicha, preta e pobre". Liniker evita masculino e feminino ao falar de si . Sobre a música que toca, ele carcteriza como MPB: "música preta brasileira".
"A questão do gênero não é somente o vestir-se. É numa dimensão de desconstruir a ideia de que a gente precisa viver num padrão e seguir uma estética normativa", diz Liniker.
"Acho que isso [meu trabalho] é uma questão política de resistência. De me colocar ali enquanto indivíduo. E toda essa questão de ser preto, sim, ser pobre, ser bicha, é de empoderamento mesmo. E por me sentir vivo sendo quem eu sou", afirma Liniker.
Alguns dizem que fisisamente ele lembra Luiz Melodia. No palco, recorda Ney Matogrosso. No canto, inspira-se em Etta James e Nina Simone. Tem influência de Tim Maia, Os Originais do Samba, Trio Mocotó, rap, partido alto e até da guitarrada do Pará.
Liniker destacou ainda que o povo está "lacrando". O verbo surgiu nos círculos gays e significa "arrasar". "As pessoas estão levando a 'palavra do lacre' para a vida".