Artistas levam livros às urnas em ato contra Bolsonaro
Uma parte da classe artística resolveu fazer um protesto durante a votação neste domingo (28) em favor da democracia e dos direitos humanos
© Reprodução / Instagram
Fama Atriz
"Crime e Castigo", "Para Educar Crianças Feministas" e "Grande Sertão Veredas" são alguns dos livros escolhidos por artistas para votar neste domingo (28), no segundo turno das eleições. A ação de levar obras literárias durante a votação é adotada por parte da classe artística como manifesto em favor da democracia e contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Os livros, em sua maioria, abordam temas feministas e de luta social e pelos direitos humanos.
"Para Educar Crianças Feministas", de Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana reconhecida como uma das principais autoras jovens da atualidade, foi a obra escolhida pelas atrizes Leandra Leal, 36, e Juliana Alves, 36.
Débora Bloch, 55, levou o clássico da literatura brasileira "Grande Sertão Veredas", de João Guimarães Rosa (1908-1967). A história se passa no sertão, onde o ex-jagunço Riobaldo relembra as suas pelejas, os seus medos e o amor reprimido por Diadorim. Débora estava acompanhada da filha Júlia Anquier, que levou o livro "Esferas da Insurreição", de Suely Rolnik
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Já o ator Bruno Gagliasso, 36, levou "O Ódio que Você Semeia", de Angie Thomas, que fala sobre racismo. Na trama, uma adolescente negra de 16 anos vê o melhor amigo ser assassinado por um policial branco. A obra foi adaptada para o cinema e deve estrear no Brasil em 6 de dezembro.
O clássico russo "Crime e Castigo", de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), foi o livro escolhido pela atriz Debora Evelyn, 52. O autor russo foi preso em 1849 por participar de reuniões consideradas subversivas e conspirar contra o czar Nicolau e chegou a ser condenado à morte. Já a caminho de sua execução, ele teve a pena perdoada, mas foi condenado a oito anos de trabalhos forçados na Sibéria.
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A atriz e apresentadora Fernanda Paes Leme, 35, levou "Persépolis", autobiografia em quadrinhos da iraniana Marjane Satrapi. Na obra, a autora conta como a vida dela e de sua família mudou após a revolução que teve início em 1979 e instaurou no Irã o regime xiita, que controla como as pessoas devem agir e se vestir.
Tais Araujo diz que votou com livro nas mãos porque só educação muda um povo. A atriz e apresentadora postou uma foto com o romance histórico "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves.
A obra da escritora mineira conta a história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela conta sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão.
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Na véspera das eleições, a atriz publicou um texto sobre democracia em seu Instagram.
"Democracia. Substantivo feminino. Governo em que o povo exerce a soberania. É na democracia que temos a liberdade de fala, de escuta, de concordar ou discordar. Democracia é ter como base o diálogo, o respeito mútuo, a empatia. É nela que podemos protestar e seguir lutando pelo que acreditamos. Podemos ter opções, criticar e ser oposição. É nesse sistema, e apenas nele, que podemos escolher o que é melhor para nós e de forma justa. A democracia é um valor a ser exercido todo dia, não só a cada quatro anos. É algo que nos protege e nos fortalece. Nos faz cidadãos e mais humanos. A democracia é nossa maior conquista e precisamos cuidar dela. Sempre."
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A mineira Debora Falabella também votou neste domingo, em Belo Horizonte (MG). A atriz estava com um adesivo vermelho no peito. Com o símbolo da Mulher Maravilha, o selo tem o nome Manuela, em referência à vice do candidato Fernando Haddad (PT).
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A obra "O Livro das Semelhanças", de Ana Martins Marques, foi a escolha de Deborah para levar às urnas. "Votando em BH com o coração cheio de esperança e acompanhada pela poesia mineira de Ana Martins Marques".
Poucos dias antes da votação para o segundo turno, Debora Falabella se uniu a outros artistas para conversar com eleitores indecisos.
Posando com o livro "Teatro Completo", de Bertold Brecht, a atriz Denise Fraga confirmou seu voto com a frase: "Por palavras preciosas que nos ajudem a pensar!"
Na véspera da eleição, Denise Fraga fez vídeos pedindo voto para indecisos. "Eu voto no [Fernando] Haddad porque eu pesquisei muito e acabei descobrindo um candidato que eu adoro. E nenhuma crítica que eu tenha ao PT, vai me tirar a vontade de votar em um professor. Prefiro um professor que ensina do que um capitão que corrige, ainda mais quando o discurso dele vem cheio de violência. Ainda dá tempo. Mude seu voto", disse a atriz.
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Uma parte da classe artística resolveu fazer um protesto durante a votação neste domingo (28) em favor da democracia e dos direitos humanos e contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL). Entre as obras escolhidas estão nomes como Machado de Assis, Conceição Evaristo e Renata Souza. Com informações da Folhapress.