Após morte em favela, ônibus são queimados no Complexo do Chapadão
A manifestação ocorreu depois que um morador da favela foi baleado - supostamente por uma bala perdida
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Justiça Bala Perdida
Manifestantes saquearam a loja de conveniência de um posto de combustíveis, destruíram um ponto de ônibus e incendiaram três ônibus durante protesto promovido por moradores do complexo de favelas do morro do Chapadão, em Costa Barros, na zona norte do Rio, no final da manhã desta quarta, 14. À tarde, em novo ato, mais um ônibus foi incendiado.
A manifestação ocorreu depois que um morador da favela foi baleado - supostamente por uma bala perdida. Mique da Silva Souza, de 21 anos, saía de casa rumo ao trabalho quando levou o tiro, segundo a família. Embora socorrido, o rapaz acabou morrendo. A autoria do tiro é desconhecida. A Polícia Militar (PM) nega que algum policial tenha disparado durante operações na comunidade, dominada por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
Ninguém foi preso nem há registro de feridos. Os três ônibus, todos da linha 773 (Pavuna-Cascadura), foram interceptados quando trafegavam por ruas no interior da favela. Passageiros e motoristas foram obrigados a desembarcar antes que os veículos fossem incendiados. Segundo o sindicato das empresas rodoviárias do Rio, 17 ônibus já foram destruídos neste ano na capital fluminense, o que gerou prejuízo de, ao menos, R$ 5 milhões.
Após o incêndio dos ônibus, um grupo formado por cerca de 30 pessoas invadiu a loja de conveniências de um posto de combustíveis, recolheu produtos e fugiu em correria. PMs passaram pelo local segundos depois, mas os ladrões se dispersaram e ninguém foi detido. As imagens foram registradas por um cinegrafista da TV Globo que sobrevoava o local em helicóptero. O dono da loja registrou o saque na Polícia Civil. O valor do prejuízo não foi informado.
Buscas
Pelo segundo dia seguido, a PM realizou, em três favelas do complexo (Final Feliz, Gogó da Ema e Parque Esperança), buscas pelo corpo do soldado Neandro Santos de Oliveira, que trabalhava no 31º Batalhão (Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste) e está desaparecido desde a noite da última segunda-feira, quando seguia de carro para a casa dos pais, na Baixada Fluminense (Região Metropolitana do Rio).
De acordo com a Polícia Civil, o soldado trafegava pela Rua Alcobaça, em frente à favela Final Feliz, quando foi parado em uma falsa blitz promovida por criminosos.
Ao checar os documentos de Oliveira, os bandidos descobriram que ele era policial militar. O soldado ainda tentou fugir, mas teria batido o carro enquanto dirigia e trocava tiros com os criminosos. Ele está desaparecido desde então. O carro foi encontrado na madrugada de terça, 13, na Final Feliz. Os documentos estavam manchados de sangue. Um traficante do Chapadão já foi identificado como participante da blitz, mas está foragido. A polícia não divulgou o nome do suspeito.
Três corpos carbonizados encontrados na terça, 13, pela PM (dois no Chapadão e um na Via Light, estrada que liga o Rio a municípios da Baixada Fluminense) estão sendo examinados por legistas do Instituto Médico Legal (IML), que tentam verificar se algum deles é do policial desaparecido. O resultado dos exames deve ser conhecido nos próximos dias.