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Após desentendimento, PMs e Civis alertam sobre rivalidade

O desentendimento começou quando um sargento da PM, suspeito de torturar um bandido, foi preso na delegacia

Após desentendimento, PMs e Civis 
alertam sobre rivalidade
Notícias ao Minuto Brasil

06:54 - 22/10/15 por Notícias ao Minuto Brasil

Justiça Delegacia

Policiais civis e militares discutiram e trocaram insultos durante a noite de terça (20) e a madrugada de quarta (21) na porta de uma delegacia na zona leste de São Paulo.

De acordo com informações publicadas pela Folha de S.Paulo, o desentendimento aconteceu após um delegado prender um sargento da PM. O PM era suspeito de torturar um homem preso por roubo na região.

O sargento da PM Charles Otaga foi preso em flagrante, ele tinha ido ao local para apresentar um rapaz suspeito de roubar R$ 60, com uma arma de brinquedo, em uma loja de sapatos.

Dezenas de policiais armados se mobilizaram para a ‘briga’ na 103º DP, em Itaquera. Destaca a Folha que, o desentendimento gerou alertas das duas corporações. Houve também mobilização na internet, com militares incitando os colegas de farda de que era a "hora de se unir e defender os nossos". Segundo consta, a relação entre policiais militares e civis não é positiva e pode se tornar ainda mais hostil.

O GOE (Grupo de Operações Especiais) foi acionado para garantir a segurança. Segundo a reportagem, o delegado Raphael Zanon, responsável pela prisão do PM, saiu do local escoltado por cinco carros para não ser agredido.

Dois deputados estaduais foram até à delegacia. O Delegado Olim (PP) defendeu a prisão do sargento e disse que a lei foi cumprida. Já o Coronel Telhada (PSDB) questionou a decisão alegando que foi baseada na palavra de criminoso.

O suspeito preso por roubo, Afonso de Oliveira Trudes, declarou que foi torturado pelo PM. Exame realizado no IML (Instituto Médico Legal), ligado à Polícia Civil, indicou que Trudes tinha lesões em várias partes do corpo, como costas, braços, coxas, nádega e pênis.

No entanto, a PM alega que ele se machucou durante a fuga, quando foi apanhado e colocado com uma bicicleta dentro do carro da polícia. Embora outros dois PMs também estivessem no momento da prisão, apenas o PM Otaga foi preso. A decisão da justiça manteve a prisão, convertida em preventiva.

De acordo com a informações publicadas, o ouvidor da Polícia, Julio Cesar Neves, afirmou que a Corregedoria da PM e a Procuradoria-Geral de Justiça irão investigar esse cerco e ameaças ao delegado em redes sociais. "É ameaça ao funcionamento da Segurança Pública. É inaceitável".

A reportagem da Folha apurou que a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) foi avisada por delegados da Polícia Civil sobre a ‘rivalidade’ entre os dois grupos. No entanto, o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes negou ter havido confusão e disse que a situação está como sempre.

A histórica rixa entre militares e civis também existe em outros Estados. Porém, em São Paulo, a situação se agravou após a chacina em Osasco e Barueri que deixou ao menos 23 mortos em agosto. Policiais militares são os principais suspeitos de cometer os crimes.

O jornal refere que a Polícia Civil alega que a Corregedoria da PM prejudicou as investigações ao fazer buscas sem aviso prévio. Já oficiais da PM se sentiram destratados por delegados.

Outro fato que gerou desentendimentos foi a discussão da proposta na Câmara dos Deputados que pretende dar à PM a atribuição de investigar crimes, hoje exclusividade das polícias civis e federal. Medida esta que os delegados são contrários.

Além disso, os PMs teriam ficados irritados com a resolução editada neste ano pelo secretário Alexandre de Moraes que permite que, em casos mais simples, os PMs não tenham que esperar a elaboração do boletim de ocorrência pelo delegado. "A relação, que já era ruim, ficou pior", diz Marilda Pinheiro, presidente da Associação dos Delegados de SP.

A reportagem da Folha também apurou que as duas partes manifestaram descontentamento com a condução do impasse por Moraes.

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