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Crimes, religião e política marcam perfil de coronel acusado de estupro

Informações sobre o perfil de Chavarry apontavam que ele usava o assistencialismo para ganhar confiança dos moradores de comunidades carentes

Crimes, religião e política marcam perfil de coronel acusado de estupro
Notícias ao Minuto Brasil

11:39 - 18/09/16 por Notícias Ao Minuto

Justiça Perfil

Um oficial sem muita prestígio na Polícia Militar do Rio, católico fervoroso, que se mostrava como um grande benfeitor e gostava de holofotes e de política. Esse é o perfil do coronel reformado Pedro Chavarry Duarte, de 63 anos, segundo pessoas que o conhecem. Ainda nos 90, ele teve a reputação manchada por acusações de tráfico de crianças, maus tratos e envolvimento com o jogo do bicho, das quais conseguiu se livrar. Há uma semana, o "currículo" ganhou mais um item: ele foi preso em flagrante, acusado de estupro de vulnerável e corrupção ativa.

Desde o último escândalo, informações sobre o perfil de Chavarry apontavam que ele usava o assistencialismo para ganhar confiança dos moradores de comunidades carentes, para se aproximar das famílias.

Em um dos depoimentos ouvidos na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCAV), uma mulher contou que deu um dos filhos para o coronel apadrinhar e permitia que as crianças ficassem com ele. Uma delas, relata, nunca mais voltou para a casa da família.

"Nós tínhamos confiança plena nele. Estamos em choque", relata outra mãe.

Chavarry entrou na PM em dezembro de 1976, após um ano de Curso Preparatório para a Escola de Oficiais, no qual passou em terceiro lugar, e outros três anos de curso de formação, em regime extremamente rigoroso, de acordo com informações do Extra.

"Era um garoto normal, só meio crianção. Sofria muito bullying porque era pequeno, bochechudo e rechonchudo", lembrou um oficial que foi da mesma turma do coronel.

Chavarry nunca teve um cargo de prestígio na PM. Colegas dizem que ele não tinha brilho, nem perfil operacional.

Foi no cargo de presidente da Caixa Beneficente da Polícia Militar, que assumiu no fim de 2010, que Chavarry buscou ter algum prestígio na corporação. Ele já estava em seu terceiro mandato. Tinha gosto pelos holofotes e fazia questão de documentar tudo que fazia. Tentou se eleger vereador, em 1988, e deputado federal, em 2014."Ele sempre gostou muito de ser fotografado e tinha um fotógrafo que andava com ele. Quando acontecia uma solenidade, gostava de ficar perto das autoridades para sair nos retratos. Apesar desse jeito, ele é muito inteligente e falante. Estamos abismados", relata o coronel Edson Gomes Moreira, vice-provedor da Irmandade de Nossa Senhora das Dores da PM.

Além disso, o coronel era religioso e ia à missa às terças, no Quartel-General da polícia, no Centro do Rio.

Durante sua administração da Caixa Beneficente, há suspeitas de que ele desviou verbas públicas e abriu empresas em nome de laranjas. O procedimento será encaminhado a uma promotoria que vai avaliar se cabe abrir inquérito.

A família do coronel não foi localizada pela reportagem do Extra. No prédio onde moram, na Barra da Tijuca, Riode Janeiro, parentes não foram mais vistos desde a prisão de Chavarry e seu advogado não retornou as ligações.

Pedro Chavarry foi preso em flagrante, na noite do último dia 10, com uma criança de 2 anos, nua, em seu carro. Dois dias depois, Thuanne dos Santos Pimenta foi presa, suspeita de ter levado a menina ao oficial.

A situação do coronel pode se complicar mais. A Polícia Civil investiga ainda a denúncia de que ele declarava de funcionários seis vezes maior do que o real na Caixa Beneficente e no Mercadão das Fraldas

Segundo o jornal “O Globo”, o mercadão é nome fantasia de duas empresas com CNPJs diferentes, mas o mesmo endereço: um imóvel da própria Caixa Beneficente. Uma delas está em nome de parentes do coronel, enquanto o O mercadão tem convênio com a Caixa Beneficente.

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