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'Quando um preso decide matar outro, é difícil evitar', diz secretário

Motim na Penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, deixou 26 presos mortos neste fim de semana, segundo contagem do governo

'Quando um preso decide matar outro, é difícil evitar', diz secretário
Notícias ao Minuto Brasil

22:34 - 15/01/17 por Folhapress

Justiça Rio Grande do Norte

O secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, Walber Virgulino, afirmou na noite deste domingo (15) ser "muito difícil o Estado evitar" a morte de detentos em presídios. Motim na Penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, deixou 26 presos mortos neste fim de semana, segundo contagem do governo.

"A secretaria tomou o cuidado necessário", disse, questionado sobre a responsabilidade do governo sobre a rebelião. "Agora, sistemas penitenciários são de detenção. Você não tem como ter certeza de 100% que um preso não vai matar outro, que ele não vai fugir ou que ele não vai se rebelar. São pessoas com um nível de violência gigantesco. Quando um decide matar o outro, é muito difícil o Estado evitar. Se a gente antecipar, a gente consegue evitar", afirmou Virgulino, que disse que dificuldades estruturais e de efetivo dificultam o trabalho da pasta.

Segundo o governo, batalhões impedem que grupos rivais entrem em conflito no local, e a Força Nacional faz a segurança no perímetro externo do presídio, para evitar fugas.

O trabalho de identificação dos corpos começará nesta segunda e deve seguir por 30 dias, diz o governo - em Roraima, onde um motim deixou 33 mortos no dia 6, o governo demorou pouco mais de um dia para divulgar uma lista com os nomes de 31 vítimas. Dois dos presos mortos no Rio Grande do Norte foram carbonizados e todos os outros foram decapitados.

Segundo o diretor do Itep (Instituto Técnico Científico de Perícia), Marcos Brandão, não há marcas aparentes de perfuração por balas nos corpos, apenas por instrumentos cortantes –ainda é preciso fazer necropsia nos corpos para identificar as causas de morte.

Agentes encontraram dentro do presídio uma pistola caseira, de um cano feita manualmente, e granadas não letais, que não foram usadas, segundo o governo.

MORTES EM PRESÍDIOS

Com mais essas 26 mortes, o número de assassinatos em presídios pelo país chega a 134 casos nas primeiras duas semanas do ano. As mortes já equivalem a mais de 36% do total registrado em todo ano passado. Em 2016, foram ao menos 372 assassinatos - média de uma morte a cada dia nas penitenciárias do país. O Estado do Amazonas lidera o número de mortes em presídios com 67 assassinatos, seguido por Roraima (33).

No dia 1° de janeiro, um massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) deixou deixa 56 mortos em Manaus (AM), após motim que durou 17 horas. No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus.

Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos. Logo em seguida, três corpos foram encontrados em mata ao lado do Compaj. Com isso, subiu para 67 o total de presos mortos no Amazonas.

No dia 4 de janeiro, dois presos são mortos em rebelião na Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos, no Sertão da Paraíba. Dois dias depois, 33 presos são mortos na maior prisão de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista.

Na tarde de quinta (12), dois detentos foram mortos na Casa de Custódia, conhecida como Cadeião, em Maceió (AL). O presídio, destinado a abrigar presos provisórios, fica dentro do Complexo Penitenciário, em Maceió (AL). Jonathan Marques Tavares e Alexsandro Neves Breno estavam nos módulos 1 e 2 da cadeia, respectivamente.

No mesmo dia, dois presos foram mortos em São Paulo, na Penitenciária de Tupi Paulista (a 561 km da capital paulista). A Secretaria da Administração Penitenciária informou que eles morreram durante uma briga em uma das celas.

Neste domingo (15), uma fuga na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná, deixou dois mortos. Um grupo explodiu, pelo lado de fora, um muro da penitenciária, que concentra membros da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo agentes penitenciários ouvidos pela reportagem. Com informações da Folhapress.

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