Agressões, furtos e repressão policial acompanharam Carnaval
A paralisação da polícia foi um dos tópicos que contribuíam para o aumento da violência
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Justiça Folia
O Carnaval parou o país nos últimos dias, lotando as ruas de foliões, blocos, momento de festa e folia em todos os cantos do Brasil. No entanto, o feriado também foi marcado por altos índices de violência, furtos, agressões, lotando as delegacias de ocorrências.
Dos pequenos roubos à violência policial, as multidões que tomam as ruas das cidades brasileiras para festejar o Carnaval muitas vezes acabam enfrentando um cenário de caos. A Sputnik Brasil elencou alguns tópicos que contribuíram para uma atmosfera mais caótica na folia de 2017.
Paralisação da polícia
Um dos motivos apontados para o aumento da violência no Carnaval é a paralisação da Polícia Militar em diversas regiões do país, e, mais recentemente, a paralisação da Polícia Civil no Rio de Janeiro, prejudicando o policiamento nas ruas da cidade.
As Forças Armadas chegaram a prestar assistência no Rio de Janeiro, mas se retiraram na última quarta-feira.
Em entrevista ao GLOBO, o porta-voz da Polícia Civil, major Ivan Blaz, informou que o número de policiais seria reduzido em 22,8%, patrulhando as ruas com 11.937 policiais, 3.527 a menos do que no ano passado. "Muitas prefeituras estão passando por dificuldades financeiras. A crise impactou o carnaval e houve redução da programação, inclusive no Rio de Janeiro. Isso nos possibilitou redimensionar o efetivo de policiais que será empregado", afirmou o major.
Apesar da greve da Polícia Civil, as delegacias do Rio de Janeiro ficaram lotadas após a realização de grandes blocos de rua, como o Cordão do Bola Preta. Muitas pessoas apareceram para prestar ocorrências sobre furtos e roubos.
Agressão e assédio contra mulheres
Em blocos de ruas marcados por muitas manifestações feministas, em uma campanha que mobilizou as pessoas contra o assédio e pelo empoderamento feminino, a folia teve diversos relatos de agressões, manchando o espírito da festa.
No Carnaval de Belo Horizonte, por exemplo, durante o bloco Unidos do Samba do Queixinho, que buscava justamente promover o respeito às mulheres, uma moça levou uma cabeçada no nariz após discutir com um homem que tentou agarrá-la e beijá-la à força. Ela teve que ser atendida por médicos.
Relatos semelhantes aconteceram no Rio de Janeiro, quando mulheres que faziam distribuição de material da campanha Carnaval sem Preconceito também sofreram assédio e agressões por parte de homens durante blocos realizados no pré-carnaval (entre os dias 17 e 19) e na sexta-feira (24).
Infelizmente, casos de abuso contra mulheres deste tipo são intensificados neste período do ano, na medida em que muitos aproveitam o clima de "pegação" para serem agressivos com mulheres e não aceitam "não" como resposta.
Por outro lado, movimentos feministas vêm ampliando a sua voz em campanhas contra o assédio, sobretudo durante o carnaval, mas encontram forte resistência de parte da sociedade, o que não impede — e muitas vezes naturaliza — casos de assédio.
Repressão policial
Outras ocorrências de atmosfera violenta durante o Carnaval ocorrem por parte da própria polícia, que muitas vezes sob o pretexto de "retomar a ordem", dispersam blocos da mesma maneira que acontece em manifestações políticas, jogando bombas de gás lacrimogênio e causando correria e tumulto.
O caso mais emblemático deste tipo no Carnaval de 2017 ocorreu em São Paulo, em blocos realizados na Praça Roosevelt e no Largo da Batata.
A confusão aconteceu porque nestas regiões foi proibida a concentração e dispersão de blocos de rua. Com a aglomeração ocorrendo de qualquer jeito, a Polícia Militar lançou diversas bombas de gás lacrimogênio, assustando foliões, moradores e funcionários de bares e restaurantes. Este tipo de caso começou a se tornar mais comum com a grande proliferação de blocos de rua, inclusive blocos que não têm — e não pedem — autorização da prefeitura para realizar o seu desfile, o que se tornou muito comum no Carnaval de rua, gerando o debate sobre o limite da legalidade e da liberdade de realizar festas.
Entre festa e caos, o Carnaval segue sendo uma das maiores festas do mundo e mobiliza blocos, escolas de samba, foliões e músicos por todos os cantos do Brasil. E as ocorrências infelizes deste ano podem ser servir de lição para os anos seguintes, tanto em termos de preparo da polícia como de conscientização da população. Com informações do Sputnik Brasil.
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