Esquema em aeroporto de SP desvia malas com cocaína a Lisboa
Interessados em colaborar com o tráfico recebiam um adiantamento de 100 vezes o valor do salários como suborno
© iSock
Justiça SAO - LIS
Funcionários do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, trocavam o destino de bagagens para traficar cocaína para Lisboa, em Portugal. A Polícia Federal (PF) flagrou uma carga sendo enviada no dia 7 de junho para Ribeirão Preto, no interior do Estado. De lá, o produto seguiria para a Europa.
Como revelado pelo "Fantástico" neste domingo (9), dois funcionários do aeroporto, José Veríssimo Machado e Douglas de Oliveira Silva, optaram por um voo nacional porque, neste caso, as malas não são inspecionadas.
+ Menino de 6 anos morre após ser baleado em briga de trânsito no Rio
Uma falha na segurança do aeroporto, que é controlado por duas mil câmeras, faz com que um ponto da pista não seja monitorado. Era neste ponto que os funcionários ttrocavam as bagagens do setor doméstico para o internacional.
A reportagem informou que onze pessoas, incluindo funcionários do aeroporto, colaboraram na missão de despachar as malas com uma carga de cocaína no valor de R$10 milhões, de acordo com o chefe da delegacia da Polícia Federal (PF) do aeroporto, Marcelo Ivo de Carvalho.
Em 2016, 15 funcionários de empresas terceirizadas foram presos por envolvimento com o tráfico e mais de 550 quilos de cocaína foram apreendidos. Desde então, a escuta de celulares de suspeitos revelou outro caminho do tráfico internacional e ajudou os investigadores a chegaram à nova quadrilha.
Esquema
Com base nas escutas telefônicas, a PF foi levada a um centro comercial a 8 km do aeroporto de Guarulhos, onde traficantes e funcionários se reuniam para definir como seria feito o embarque da droga. Ainda segundo a reportagem, os chefes da quadrilha pagaram adiantado uma quantia de 100 vezes os salários dos funcionários que estivessem dispostos a colaborar com o tráfico.
Um dos chefes da quadrilha era Marcos de França, que participou de um dos maiores roubos da história: o assalto de R$ 160 milhões do Banco Central de Fortaleza, em 2005. França ficou preso por nove anos e estava em liberdade desde 2013.
"A casa caiu! Cê ta ouvindo.... Cê ta ouvindo...", ouviu-se em escutas do criminoso Matias dos Santos com a esposa, quando percebeu que as malas haviam sido apreendidas.
Um funcionário do Aeroporto de Guarulhos foi preso no local, outros dois foram encontrados em casa e um quarto quando estava em fuga. Com eles, havia mais de R$ 500 mil de suborno.
Marcos França foi preso na rodoviária de São Paulo com 7 mil euros. O advogado dele nega as acusações. Assim como as defesas dos funcionários do aeroporto Ronaldo de Oliveira, Alexandre Rorigues Borges e Matias Júnior Bispo dos Santos. O advogado do quarto funcionário, Ricardo Braga da Silva, não se pronunciou.
A PF está à procura de Átila Carlai da Luz, chefe de França e um dos donos da droga. Três funcionários do aeroporto estão foragidos: Gilmar Antônio Monteiro, Douglas Martins de Oliveira e Anderson Brito da Silva, além dos passageiros traficantes que levaram a cocaína para Ribeirão Preto: José Veríssimo e Douglas. Até o momento, ninguém foi preso em Lisboa.