Desde sábado, Acre tem quase 70 presos por atos violentos
Os órgãos de segurança pública atribuem à ação de facções criminosas a ocorrência de atos como tentativas de homicídio e incêndios a ônibus
© Jorge Silva/Reuters
Justiça Crime
Desde o último sábado (5), 69 pessoas foram presas no Acre por suspeita de participação em atos violentos no Estado, em represália à instalação de bloqueadores de celular nos presídios locais. Os órgãos de segurança pública atribuem à ação de facções criminosas a ocorrência de atos como tentativas de homicídio e incêndios a ônibus.
Além das detenções, o operativo formado por forças de segurança estadual e municipais, Corpo de Bombeiros e Exército apreendeu diversos materiais, como armas de fogo, equipamentos eletrônicos, veículos e entorpecentes, segundo informações do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) do Estado. As informações são da Agência Brasil.
Embora o número de atos tenha diminuído nos últimos dias, afastando o clima de tensão que dominou o fim de semana e chegou a prejudicar o transporte público, instituições do Acre compreenderam que a situação exige a adoção de medidas preventivas para enfrentar os problemas no campo da segurança pública.
Para discuti-las, representantes do Ministério Público Estadual, das polícias Civil e Militar, da prefeitura e do governo do Estado reuniram-se hoje, na sede do Tribunal de Justiça, informou a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Acre (OAB/AC), Isabela Fernandes.
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"A polícia já está fazendo o policiamento ostensivo, mas temos que propor medidas de médio prazo, com foco na conscientização, porque não adianta só coibir a violência", disse Isabela, que destacou a necessidade de capacitação e melhoria das condições de trabalho dos agentes públicos que atuam na garantia da segurança, bem como de políticas voltadas à educação e à profissionalização da população, a fim de que não seja envolvida em redes ilegais.
Segundo a advogada, visitas que a OAB têm feito aos presídios mostram o crescimento do número de prisões, inclusive de mulheres, associadas ao tráfico de drogas.
Nesses presídios, conforme diagnosticou o Conselho Nacional de Justiça, por meio de vistoria realizada em maio deste ano, é forte a atuação de grupos como Comando Vermelho e PCC.
Como reflexo disso, para além das paredes do sistema prisional, diz a advogada, muitas mortes registradas nos últimos anos, tanto na capital quanto no interior, estão associadas às disputas entre esses grupos.
Para mudar tal quadro, Isabela Fernandes diz que é preciso atuar contra as facções e ampliar a fiscalização das fronteiras do estado, que está ladeado por Peru e Bolívia, por onde podem entrar drogas e armas.