'Quantos precisam morrer?', indagam PMs no enterro do 100º agente morto
O sepultamento serviu como mais um ato contra a violência, sobretudo no que se refere a mortes de agentes de segurança
© Fernando Frazão/ Agência Brasil
Justiça Segurança Pública
O corpo do segundo-sargento Fábio Cavalcante e Sá foi enterrado neste domingo, 27, no Cemitério Nossa Senhora de Belém, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Ele foi assassinado sábado e se tornou o 100º policial militar morto no Estado neste ano. O sepultamento serviu como mais um ato contra a violência, sobretudo no que se refere a mortes de agentes de segurança.
Nem a família nem amigos falaram com a imprensa. A mãe do sargento, identificada só como Rosane, precisou ser atendida em uma ambulância na entrada do cemitério. Ela foi amparada e retirada do velório, em choque, com a ajuda de policiais e amigos da família. "Meu filho era um homem bom. Ele está dormindo. Acorda ele", dizia.
Emocionados, familiares e amigos questionaram durante o enterro "Mais quantos Cavalcante precisam morrer? Até quando vai ser preciso a polícia prender e o Supremo soltar? Quando nossa farda voltará a ser respeitada?". Integrantes de associações de mulheres e familiares de PMs pediram uma solução para o aumento das mortes de policiais."
"Famílias estão ficando sem seus filhos, sem seus pais. (Bandidos) matam e não são presos. Queremos respostas imediatas", afirmaram.
Muitos policiais militares fardados ou à paisana compareceram ao velório, entre eles o comandante do 34º BPM (Magé), onde o sargento Cavalcante estava lotado. Questionado, o tenente-coronel Ranulfo Souza Brandão Filho disse apenas que não daria declarações "até para não entrar em rota de colisão" com as notas divulgadas anteriormente pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, e pelo secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, que disse "lamentar profundamente" a morte do policial.
Integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) afirmou que no dia 12 haverá uma assembleia no plenário da Casa para revisar a legislação atual. "As legislações precisam ser aperfeiçoadas e avançadas. Queremos debater com familiares e agentes de segurança para endurecer as leis."
O caso
O sargento Cavalcante foi assassinado na frente da loja de gesso do pai, no Largo do Guedes, em São João de Meriti, na manhã de sábado, dia 26. Os bandidos fizeram mais de 30 disparos e 10 acertaram o corpo do policial. O pai chegou a pedir que eles não atirassem no filho.
Testemunhas disseram que atiraram no corpo com a arma do próprio policial e gritaram "Mata. Mata que é PM". Os bandidos fugiram com o cordão, a carteira, a arma e outros pertences pessoais do sargento.
Em nota, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou que "lamenta e se solidariza com a família e amigos" dos cem policiais mortos este ano. "Um criminoso que porta fuzil e mata policial deve ser tratado como terrorista, e o Estado defende o endurecimento da legislação penal", diz o texto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.