Polícia faz nova operação para coibir ataques em Santa Catarina
Até o fim da tarde de ontem, a polícia havia prendido 30 pessoas, a maioria no litoral Norte do Estado
© Jorge Silva/Reuters
Justiça Segurança
Pelo segundo dia consecutivo, a Polícia Civil de Santa Catarina realiza, nessa sexta (8), uma operação para prender os responsáveis pela onda de ataques contra prédios públicos e agentes de segurança, que começou na semana passada. Até o fim da tarde, a polícia havia prendido 30 pessoas, a maioria no litoral Norte do Estado. Outros 14 mandados eram contra presos que já estavam em penitenciárias.
"Há, sim, uma ligação entre o sistema prisional e os ataques", afirmou o delegado regional David Queiroz à reportagem. A operação, batizada de Hidra de Lerna, fez uma alusão à serpente de várias cabeças da mitologia grega -e também aos líderes da facção criminosa, que foram alvo dos mandados e teriam comandado os ataques no Estado. "A atuação desta facção também se dá com o surgimento de novas cabeças quando se ataca apenas os executores", informou a Polícia Civil, ao justificar o nome.
Entre os detidos, estão os responsáveis pela morte de um sargento da Polícia Militar em Balneário Camboriú, em agosto, e pelo ataque a tiros ao fórum de Navegantes, no início deste mês. A prioridade, segundo a polícia, era prender quem deu as ordens de comando. "É difícil falar em cessar os ataques, porque o crime é algo perene. Mas sem dúvida vai haver uma redução significativa, porque atingimos pessoas cruciais da organização", afirmou Queiroz.
Na quinta (7), a Polícia Civil cumpriu 47 mandados de prisão em outra operação, batizada de Independência, contra grupos criminosos que teriam organizado os ataques. A maior parte dos mandados era contra pessoas que já estavam detidas no sistema prisional do Estado.
A atual onda de violência em Santa Catarina começou em 31 de agosto. Até essa quinta (7), foram registradas 53 ocorrências em 31 cidades, entre ataques a prédios públicos e a veículos particulares.Embora formalmente a Polícia Civil não divulgue o nome do grupo suspeito pelos ataques, policiais ouvidos pela reportagem dizem que se trata do PGC (Primeiro Grupo Catarinense). O grupo foi criado em 2003, dentro do sistema prisional do Estado. Atua nas ruas e nas prisões, segundo o Ministério Público.
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HISTÓRICO
O PGC já foi apontado pela polícia como o responsável por ataques anteriores, semelhantes ao atual, registrados em Santa Catarina em 2012, 2013 e 2014. Juntas, essas três ondas de violência somaram 297 ocorrências, segundo a Polícia Militar, a maioria contra instalações da segurança pública.
O secretário-adjunto da Segurança Pública, Aldo Pinheiro D´Ávila, afirmou que os ataques "vêm perdendo força". Na terça-feira (5), foram dez. Na quarta, oito. Na quinta, não houve registros. "[As operações] foram um grande choque para a organização criminosa", afirmou o delegado Queiroz.
Neste ano, a maioria dos atos foi contra prédios e agentes da segurança pública. Nas ondas de violência anteriores, até o transporte coletivo virou alvo. Em 2014, criminosos incendiaram 44 ônibus. À época, as investigações concluíram que os ataques foram uma forma de a organização revidar violência e privações sofridas nas cadeias do Estado, além de demonstrar força para seduzir simpatizantes e intimidar desafetos.
De acordo com um agente prisional ouvido pela reportagem, atualmente, a ordem dos criminosos era "para matar policiais" (as mortes de três policiais e um agente prisional no último mês estão sendo investigadas pela polícia), e não tentar criar pânico na população. No total, 220 policiais foram mobilizados na operação dessa sexta (8). As prisões, temporárias e sob acusação de organização criminosa, valem por 30 dias, mas podem ser prorrogadas. Com informações da Folhapress.