Invasão da Rocinha foi ordenada por Nem de dentro de presídio
Traficante estaria insatisfeito com substituto, que impôs cobranças para comércio e trânsito na comunidade
© Bruno Kelly/Reuters
Justiça De Rondônia
Por estar insatisfeito com o seu substituto no comando do tráfico de drogas na Rocinha, no Rio de Janeiro, o traficante Nem (como é conhecido Antônio Francisco Bonfim Lopes) teria ordenado, de dentro do presídio federal de segurança máxima de Rondônia, a invasão da comunidade. Na última segunda-feira (18), pelo menos 100 traficantes do Morro de São Carlos teriam se deslocado, armados até com fuzis, para ocuparem uma das maiores favelas cariocas, com 70 mil habitantes, ordenando toque de recolher.
O substituo de Nem no comando do crime organizado é apontado pela polícia como Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que em 2010 teria invadido um hotel de luxo na praia de São Conrado. Segundo informações do G1, ele chegou a ser preso na época, mas foi solto dois anos depois por uma decisão judicial.
Hoje, o sucessor de Nem estaria impondo cobranças de taxas para o comércio, dominando a venda de gás de cozinha, água mineral e carvão. Soma-se ao "pacote de negócios" de Rogério 157 a distribuição de sinais clandestinos de TV a cabo e internet, além da cobrança de pedágio dos mototaxistas e motoristas que circulam na comunidade. Por esta razão, mesmo a mais de 3 mil quilômetros de distância, em Porto Velho, Nem teria tentado limitar a atuação de Rogério e designar um novo substituto - plano que não se concretizou.
O presídio onde o traficante se encontra dispõe de todo o aparato de segurança: aparelhos de raio x, detectores de metais e câmeras de monitoramento. As visitas íntimas aos presos estão suspensas desde o último mês de março, mas a restrição não se aplica aos advogados e familiares. Prova disso é que em duas ocasiões deste mês, no dia 1 e 6 de setembro, o traficante teria recebido visitas da mãe, de dois filhos e de um neto, benefício considerado arriscado para a sociedade, na opinião dos agentes, que acreditam que Nem contou com a ajuda de outros presos para ordenar a invasão da Rocinha.
“Preso na federal é contato zero com o mundo externo. E aí a gente vai ver o reflexo disso na rua. Vamos isolar os caras. Totalmente. É mudar a lei. Preso na federal é sem contato, só no vidro”, disse um agente em entrevista ao G1, que pediu para não ser identificado.
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