Policial que matou turista na Rocinha continuará preso
Davi dos Santos Ribeiro, 30, havia tido prisão provisória pedida pela Polícia Civil pela morte de Maria Esperanza Jimenez, 67
© Pilar Olivares / Reuters
Justiça Rio
O tenente da Polícia Militar responsável pelo tiro que matou uma turista espanhola na favela da Rocinha na manhã de segunda (23) continuará preso, apesar de decisão da Justiça do Rio que lhe concedeu liberdade provisória.
Ele seguirá na prisão em razão de um inquérito militar aberto pela Corregedoria da PM para apurar esse episódio.
O tenente Davi dos Santos Ribeiro, 30, havia tido prisão provisória pedida pela Polícia Civil pela morte de Maria Esperanza Jimenez, 67, vítima de um tiro quando fazia um tour na Rocinha. Ele está desde segunda no Batalhão Prisional da PM, em Niterói, região metropolitana do Rio.
Inicialmente, a PM alegou que o carro em que estavam os turistas havia furado um bloqueio policial. O agente fez dois disparos de fuzil. Um dos tiros atravessou a janela e atingiu o pescoço da turista.Testemunhas que estavam no carro afirmaram não terem recebido ordem de parar ou avistado qualquer bloqueio.
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Segundo a PM, o manual de abordagem da corporação diz que não é para atirar em carros que furem bloqueios -o correto seria tentar interceptar o veículo adiante.
O tenente foi indiciado sob suspeita de homicídio doloso qualificado (por impossibilidade de defesa da vítima). Caberá à Promotoria apresentar ou não denúncia contra ele.
Outro policial que participou da ação, um soldado, será indiciado por disparo de arma de fogo (ele chegou a atirar para cima), crime previsto no código penal militar.
Na decisão pela liberdade provisória, o juiz Juarez Costa de Andrade usou como base o histórico funcional do policial -em sete anos de corporação, o tenente nunca havia se envolvido em casos que terminassem em morte.
"Se de um lado o trágico acontecimento repercutiu nesta capital e no mundo, fato é que o custodiado estava trabalhando, possui imaculada ficha funcional, não havendo indícios de que solto possa reiterar o comportamento criminoso ocorrido à luz do dia", afirmou o juiz.
Ele havia determinado, contudo, algumas restrições ao PM, como não atuar no policiamento ostensivo nem manter contato com colegas que participam das operações na Rocinha ou possíveis testemunhas do processo.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do policial nesta terça-feira (24). O PM preferiu ficar calado em seu depoimento. Com informações da Folhapress.