Delegada: racismo pode ser 'impressão pessoal' de ator espancado
Polícia explica que autores das agressões não chegaram a utilizar palavras que caracterizassem racismo
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Justiça Polémica
Responsável pelo caso do espancamento do ator negro Diogo Cintra, de 24 anos, a delegada Gabriela Carvalho Pereira disse que o suposto racismo imbuído na ação pode ter sido uma "impressão pessoal" da vítima.
Na quarta-feira (15), Cintra foi espancado do lado de fora do Parque Dom Pedro, na região central de São Paulo, por um grupo que o assaltara minutos antes. Ele estava dentro do terminal e pediu ajuda dos seguranças, que ouviram dos assaltantes que o rapaz seria o infrator, e permitiram que o ator fosse arrastado para fora e agredido.
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"Ele foi indagado se, em algum momento, foi proferida alguma palavra, se foi exteriorizado esse racismo, mas ele disse que escreveu isso no post [no Facebook] como uma impressão pessoal dele – inclusive, o inquérito não foi para outra delegacia, especializada", a delegada disse ao Uol. "Na oitiva dele, perguntamos se, em algum momento, ele havia sido discriminado verbalmente em função da etnia. Ele disse que não, mas avaliou que se sentia assim discriminado. Por enquanto, o caso não está configurado, ainda, portanto, como injúria racial", emendou.
Em contraposição, Cintra afirma que um ato racista não pode ser caracterizado apenas na eventualidade de os autores dizerem palavras ofensivas.
"Não é porque eu não fui xingado em razão da cor da minha pele que não teve racismo na situação. As ações foram racistas, o que, para mim, é até pior. Racismo eu já sofri ao longo da minha vida, mas o que é dito mais me fortalece que me ofende; tudo o que eu sofro eu coloco no meu trabalho", afirmou ao portal. "Os caras me espancaram na frente deles [seguranças]. A ação é racista, sim, porque qualquer outra pessoa branca sairia ilesa, pois os funcionários iriam protegê-la", finalizou.