Ex-tesoureiro de guerrilha paraguaia e comparsa são presos em SP
Segundo o Ministério do Interior paraguaio, Óscar Luis Benítez e Lorenzo González estavam no Brasil há pelo menos cinco anos
© iStock
Justiça Prisão
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (24) em Itaquaquecetuba (Grande São Paulo) dois ex-integrantes da cúpula da guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP) acusados de sequestro e homicídio e foragidos há mais de dez anos.
A detenção foi o resultado de uma operação conjunta entre agentes brasileiros e paraguaios. Segundo o Ministério do Interior paraguaio, Óscar Luis Benítez e Lorenzo González estavam no Brasil há pelo menos cinco anos.
+ Dois PMs são mortos em menos de 12 horas no RJ; 122 só este ano
Para passarem despercebidos, os dois se misturaram à comunidade de bolivianos na cidade e, assim como a maioria deles, trabalhavam em confecções. Ao serem presos, eles tinham carteiras de identidade do país andino.
Francisco Resquín, diretor de Inteligência da Força-Tarefa Conjunta (ligada às Forças Armadas paraguaias), disse que só no mês passado que foi possível localizá-los em São Paulo e deram início à operação conjunta com a PF.
Ex-tesoureiro do EPP, Benítez, também chamado de Ramón ou Male'i, era o braço direito de Osmar Feliciano Martínez, recrutador da guerrilha e organizador dos sequestros de pecuaristas, empresários, políticos e seus familiares.
Entre os capturados pela guerrilha está Arlan Fick, filho do pecuarista brasiguaio Alcido Fick, que ficou nas mãos dos criminosos entre abril e dezembro de 2014. O refém, à época com 17 anos, foi solto em uma ação militar.
O resgate obtido com a libertação dos reféns era a principal fonte de renda do grupo. Benítez passou a ser considerado foragido em 2004, quando foi um dos autores do sequestro de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente Raúl Cubas.
Cecilia foi capturada em setembro daquele ano em Assunção. A família chegou a pagar US$ 300 mil de resgate dois meses depois da captura, mas ela foi encontrada morta em fevereiro de 2005 em uma casa perto da capital.
González também participou do sequestro da filha de Raúl Cubas e capturou um pecuarista. A polícia descobriu que Benítez era quem controlava o dinheiro do EPP ao achar os cadernos de contabilidade do grupo armado.
O ex-tesoureiro continuou no país até 2011, quando foi expulso do EPP após ser acusado de tirar US$ 100 mil do caixa da organização para financiar a campanha do ex-presidente Fernando Lugo no referendo pelo voto no exterior.
Procurado pela Justiça e jurado de morte pelos guerrilheiros, Benítez atravessou ilegalmente a fronteira com o Brasil com González. O Ministério da Justiça do Paraguai anunciou que pedirá nos próximos dias a extradição dos dois. Com informações da Folhapress.