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Bandidos que mataram 14 em festa no CE atiraram a esmo pelas ruas

A Perícia Forense do Ceará divulgou, no fim da tarde deste domingo (28) os nomes das pessoas assassinadas

Bandidos que mataram 14 em festa no CE atiraram a esmo pelas ruas
Notícias ao Minuto Brasil

07:46 - 29/01/18 por Folhapress

Justiça Fortaleza

"Eles não tinham alvo e saíram pelas ruas atirando em toda e qualquer pessoa." O relato é de um morador do bairro de Cajazeiras sobre a morte de 14 pessoas na madrugada de sábado (27) na periferia de Fortaleza, na maior chacina da história do Ceará.

Assim como a descrição de outros cinco moradores (que pedem anonimato por medo de represálias) ouvidos pela reportagem neste domingo (28), ele reforça a indicação de que a maior parte dos baleados na região onde ocorria uma festa de forró não tinha nenhuma relação com a provável motivação da chacina.

+ Cinco suspeitos de participar de chacina são presos no Ceará

A polícia suspeita que a matança tenha sido comandada por traficantes da facção criminosa GDE (Guardiões do Estado), que teriam como alvo membros do CV (Comando Vermelho) em meio à disputa pela venda de drogas.

Dos 14 mortos, 8 eram mulheres e 6, homens. Três eram menores de idade. Houve ainda pelo menos 16 feridos.

A Perícia Forense do Ceará divulgou, no fim da tarde deste domingo (28) os nomes das 14 pessoas assassinadas durante a chacina:

Maíra Santos da Silva (15)

Maria Tatiana da Costa Ferreira (17)

Brenda Oliveira de Menezes (19)

José Jefferson de Souza Ferreira (21)

Raquel Martins Neves (22)

Luana Ramos Silva (22)

Wesley Brendo Santos Nascimento (24)

Natanael Abreu da Silva (25)

Antônio Gilson Ribeiro Xavier (31)

Renata Nunes de Sousa (32)

Mariza Mara Nascimento da Silva (37)

Edneusa Pereira de Albuquerque (38)

Raimundo da Cunha Dias (48)

Antônio José Dias de Oliveira (55)

A polícia diz que identificou cinco suspeitos de participarem do crime. No sábado, um homem foi preso. Com ele foi apreendido um fuzil.

CIRCULANDO

Nas ruas de terra batida do bairro da chacina, perto do estádio do Castelão, onde houve jogos da Copa de 2014, poucas pessoas circulavam neste domingo (28). Um grupo rezava em uma esquina.

No dia da chacina, eles dizem que um bando de cerca de 15 pessoas, todas encapuzadas, chegou em três carros.

Inicialmente dispararam de dentro dos veículos e do teto solar. Depois saíram e continuaram atirando.O grupo circulou pelo bairro dando mais tiros e escolhendo vítimas a esmo, segundo moradores. O massacre teria durado 40 minutos.

Segundo uma testemunha, um grupo de meninas tentou buscar abrigo atrás de uma churrasqueira na rua, mas bandidos as perseguiram e disparam. Houve também quem se fingisse de morto.

Um vizinho do forró relatou que as pessoas tentavam pular pelo muro da sua casa para escapar dos tiros –outros fugiram pelo telhado.

A partir da lista de mortos, moradores da região diziam haver pelo menos dez pessoas que não tinham qualquer relação com tráfico de drogas.

Os bandidos encontraram pouca resistência durante a chacina. Só um homem, conhecido por ter envolvimento com a criminalidade no bairro, teria disparado em revide –mas também foi morto.

A população no local dizia suspeitar de que haveria mais vítimas do que as já divulgadas pelo governo do Estado.

O "Forró do Gago", foco principal do massacre, era local de festa sem histórico de crimes. Mas, segundo moradores, a ameaça de uma tragédia em razão da briga entre criminosos já vinha sendo comentada havia algumas semanas por redes sociais. O governo afirma que a polícia não detectou a ameaça.

JOVENS

O sociólogo César Barreira, professor da Universidade Federal do Ceará e coordenador de laboratório que estuda violência, diz que a facção Guardiões do Estado, que seria responsável pela chacina, tem como marcas a presença de pessoas muito jovens e a prática de crimes cruéis.

Para ele, os ataques decorrem de disputa de "facções por delimitação e consolidação de territórios e poderes que ainda não estão definidos".

"Esses grupos já existem há três ou quatro anos no Ceará, isso é de conhecimento do próprio Estado, pois identificamos isso no censo que fizemos em 2012. E essas questões vêm se agravando ao longo dos anos, principalmente em 2017", diz. Com informações da Folhapress. 

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