Moradores da Rocinha: policiais 'chegaram atirando' em baile funk
'Meu filho era inocente, ele não tem nenhum envolvimento com tráfico. Tem que ter justiça', afirma pai de jovem assassinado
© Bruno Kelly/Reuters
Justiça Operação policial
Familiares de um dos sete mortos em operação policial na Rocinha, na Zona Sul do Rio, na manhã deste sábado (24), afirmam que os policiais chegaram atirando contra os presentes em um baile funk em Roupa Suja, dentro da comunidade.
Márcio Duarte de Oliveira, de 45 anos, pai de Matheus da Silva Duarte, de 19, que morreu durante a ação, negou ao Extra que o filho fosse bandido. Segundo ele, os agentes chegaram atirando e bateram em moradores que estavam no evento.
"Meu filho era inocente, ele não tem nenhum envolvimento com tráfico. Tem que ter justiça", disse o cobrador de van e morador da Rocinha.
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Familiares contaram ao site que o jovem estava procurando emprego e morava na comunidade da Fundação com a avó paterna. Matheus foi baleado nas costas por policiais.
Uma moradora da Rocinha, que não quis se identificar, diz ter visto quando os PMs arrastaram os corpos das vítimas para dentro da viatura. Segundo ela, moradores sem envolvimento com o tráfico costumam ser abordados de forma truculenta pela polícia.
O baile tinha acabado e a molecada estava conversando. De repente, os PMs saíram do túnel pulando do carro e já atirando com o carro em movimento. Os meninos se assustaram e saíram correndo. Todo dia eles batem nos moleques. Batem na cara, acham que todo mundo é bandido. Em vez de averiguarem, pedir documentos, já saem batendo, ameaçam com faca ou arma. Não é todo mundo que mora na favela que é bandido. Meu filho de 16 anos saiu para comprar pão e levou um tapa na cara".
Pelo menos sete pessoas ficaram feridas em uma troca de tiros com a polícia na manhã deste sábado (24) na Rocinha. Segundo informado pela Polícia Militar, o confronto aconteceu durante um "patrulhamento de rotina" do Batalhão de Choque na comunidade.