Guerra entre facções causa tiroteio em pelo menos 24 comunidades no RJ
Na Rocinha, por exemplo, a disputa constante deu início quando, em setembro passado, houve o rompimento da "guangue" de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, com a quadrilha do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem
© Reuters / Ricardo Moraes
Justiça Violência
A briga por territórios e a disputa constante entre facções criminosas voltam a amedrontar a população no Rio de Janeiro. Um novo levantamento feito pelo GLOBO, com base em fontes policiais e em casos noticiados na imprensa, evidencia em números o pavor dos moradores. Pelo menos 24 comunidades da cidade têm sido alvo de guerra contínua no meio de traficantes e milicianos.
A violência na Rocinha, localizada na Zona Sul do Rio, deu início quando, em setembro passado, houve o rompimento da "guangue" de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, com a quadrilha do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem. Para paralisar a expansão de conflitos mais intensos e a falta de segurança, há nove meses os batalhões do Comando de Operações Especiais da PM atuam, ininterruptamente, na favela, o que desencadeia ainda mais a hostilidade.
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Na Zona Oeste da capital, mais precisamente na região da Praça Seca, em Jacarepaguá, traficantes e milicianos corroboram para que comunidades como Bateau Mouche, São José Operário e Chacrinha sejam palcos de guerras. Desde o fim de 2017, para retomar o poder de favelas perdidas para inimigos, a quadrilha de Hélio Albino Filho, o Lica, uniu-se com a maior facção do tráfico que atua no Rio.
Insegurança chega à Linha Amarela
Milicianos da Gardência Azul entram em conflitos incessantes com a Cidade de Deus, comunidade vizinha. A Linha Amarela, vez ou outra, é fechada em decorrência da violência, traduzida em tiroteios, assustando motoristas, pedestres e moradores da redondeza.
Concentração de troca de tiros
De janeiro a maio, conforme estudo do aplicativo Fogo Cruzado, a Praça Seca aparece em primeiro lugar em ocorrências como tiroteios, com 169 casos. Em seguida, Cidade de Deus, com 144. Já em terceiro, a Vila Kennedy, totalizando 103 registros. A rocinha desponta na quarta colocação, com 101 casos, seguida do Complexo do Alemão (91), Tijuca (75), Realengo (66), Bangu (59), Pavuna (55) e, por último, Santa Cruz (47).
Ainda de acordo com o balanço, as localidades citadas representam 39% dos 2,3 mil tiroteios registros em toda a cidade do Rio. Se comparado ao mesmo período de 2017, o número é 63% maior. Nesse ano, foram registrados 1.409 troca de tiros.