Caso Marielle: denúncia pode revelar jogo de interesse mais complexo
Investigadores suspeitam que o surgimento da testemunha-chave pode revelar cenários mais profundos entre diferentes grupos de milícias
© Ricardo Moraes / reuters
Justiça Rio
Os assassinos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, executados no dia 14 de março, ainda não foram identificados. Após a denúncia de um ex-miliciano, uma das principais linhas de investigação do caso aponta para o envolvimento do vereador Marcello Siciliano (PHS) na execução, embora o político sempre tenha negado sua participação no crime. A suspeita dos investigadores é que esta denúncia pode revelar um jogo de poder mais profundo entre diferentes grupos de milícias.
De acordo com o jornal 'O Globo', investigadores estão intrigados com as motivações e as ligações da testemunha-chave da denúncia, cuja identidade permanece sob sigilo. O ex-miliciano diz que ouviu o vereador falar sobre a morte de Marielle em ao menos quatro ocasiões.
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Os policiais acreditam que o surgimento da testemunha pode ter ocorrido como uma disputa entre milicianos, o que não significa que a denúncia seja falsa. No entanto, o relato pode indicar que há uma história mais complexa por trás.
"Além de contar como foram os diálogos entre os suspeitos (Orlando da Curicica e o vereador Marcello Siciliano), por ser uma pessoa de confiança da quadrilha, a testemunha relata outros crimes praticados pelos milicianos. Mas não basta só o depoimento do delator para incriminá-los sobre a morte de Marielle. Temos que buscar provas contundentes que corroborem com o relato mostrando quem executou a vereadora e o motorista Anderson Gomes", disse uma pessoa que trabalha na investigação ao jornal.
Na última quarta-feira (6), Siciliano prestou um depoimento na delegacia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, que durou cerca de quatro horas. O vereador voltou a negar qualquer envolvimento no caso.