Assassinato de radialista no Pará é investigado pela polícia
Jairo Sousa denunciava supostas corrupções de empresários e políticos da esfera municipal, envolvendo superfaturamentos e desvios
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Justiça sob sigilo
O radialista Jairo Sousa, 43, foi morto a tiros por volta das 5h da última quinta-feira (21) quando chegava para trabalhar em uma emissora de rádio em Bragança, no nordeste do Pará. A Polícia Civil informou que a investigação está sob sigilo e que não descarta nenhuma hipótese das motivações para o crime.
Câmeras de monitoramento e, segundo a polícia, o depoimento de um segurança que trabalhava próximo à emissora apontam para dois homens em uma moto que pareciam aguardar o jornalista. Assim que ele chegou, o suspeito que estava na garupa saltou e atirou duas vezes em suas costas.
Ele foi socorrido, mas morreu pouco tempo depois de chegar ao hospital. "Nenhuma hipótese pode ser descartada, pois ainda precisam ser investigadas. Inclusive algumas trazidas pela família, de que ele sofria ameaças políticas. Somente o avanço das investigações poderá permitir a definição da motivação para o crime", disse o delegado Silvio Maués, porta-voz da Polícia Civil.
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Jairo Sousa trabalhou na rádio Pérola FM pela primeira vez na década de 1990. Depois, apresentou o programa "Patrulhão 106" na rádio Princesa FM, em Capanema, também no nordeste do Estado. Notícias polêmicas e o humor eram suas marcas. De volta à Bragança, já no "Show do Pérola", programa que o radialista apresentava de segunda a sábado das 5h às 9h na Pérola, questões de segurança pública e política eram abordadas.
Um amigo de Jairo, que pediu para não ser identificado por motivo de segurança, diz que o apresentador denunciava supostas corrupções de empresários e políticos da esfera municipal, envolvendo superfaturamentos e desvios. Segundo ele, o jornalista dizia ser ameaçado, mas não contava de onde as ameaças partiam.No dia da morte, as rádios do município prestaram um minuto de silêncio em homenagem a Jairo, que também foi alvo de comoção nas redes sociais e na imprensa.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) afirmou que trabalha para apurar se o crime foi uma retaliação ao trabalho de Sousa e que encaminhou ofícios ao secretário de Segurança Pública, ao Governador e ao delegado-geral da Polícia Civil do Pará pedindo rapidez no esclarecimento do homicídio.
"O assassinato de um comunicador em função do exercício da atividade jornalística é um grave atentado à liberdade de expressão. Ao tentar silenciar uma voz e criar um clima de insegurança entre os demais profissionais, crimes do tipo prejudicam a circulação de informações e opinião", diz a entidade, em seu site. Com informações da Folhapress.