Promotoria acusa cinco PMs por morte de menino Ítalo, de 10 anos
A criança levou um tiro na cabeça após perseguição policial em junho de 2016 no Morumbi, na zona sul de São Paulo
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Justiça Denúncia
O Ministério Público de São Paulo denunciou nessa terça (28) cinco policiais militares sob a acusação de envolvimento na morte do menino Ítalo, 10. A criança levou um tiro na cabeça após perseguição policial em junho de 2016 no Morumbi, na zona sul de São Paulo.
Ele e um colega de 11 anos furtaram um carro de dentro de um condomínio e passaram a ser perseguidos por policiais. Dois deles são acusados por homicídio, e os cinco foram denunciados sob a acusação de fraude processual.
Na época, os PMs envolvidos afirmaram que só atiraram em revide aos tiros que vinham de um dos ocupantes do carro, que, naquele momento, desconheciam se tratar de uma criança de 10 anos. Um dos policiais disse ter visto um clarão vindo do interior do carro, um Daihatsu Terios, e que atirou em revide.
O laudo do veículo, porém, constatou apenas dano compatível com disparo de fora para dentro do carro. Não foi encontrado nenhum no sentido inverso, que apontasse que algum dos meninos tivesse atirado.
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O menino de 11 anos que acompanhava Ítalo dentro do carro deu versões diferentes sobre o ocorrido. Nas duas primeiras vezes em que foi ouvido, disse que o colega estava armado e que tinha efetuado três disparos contra a polícia.
Depois, mudou a versão. Passou a dizer que nenhum dos dois estava armado e que a polícia plantou a arma para justificar os disparos.
Segundo a promotoria, houve violação de dever por parte de um tenente na cena do crime que ordenou que outro PM retirasse a arma que supostamente estava com Ítalo e a mantivesse sob seu poder -com o propósito, ainda de induzir a perícia a erro.
A alteração da cena inclui, ainda de acordo com a denúncia, um disparo feito pelos policiais com a arma que disseram estar com Ítalo. A perícia apontou dois disparos de fora para dentro do carro.
Não ficou claro se o vidro do veículo estava aberto ou fechado no momento dos tiros, mas fotos do local feitas logo após a morte do menino mostram o vidro estilhaçado -ou seja, indício de que estava fechado.
Na época, o advogado do menino sobrevivente afirmou que uma criança de 10 anos não teria condições de dirigir um veículo, estando com uma arma na mão e ao mesmo tempo abrindo e fechando o vidro para fazer disparos.
A reportagem procurou a defesa dos policiais militares, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. Com informações da Folhapress.