'Ele sabe quem matou Marielle', revela ex-mulher de miliciano preso
Thais Ferreira, ex-companheira de Orlando de Curicica, preso por envolvimento no caso Marielle, disse estar recebendo ameaças e pediu a inclusão no programa federal de proteção à testemunha
© Nacho Doce/Reuters
Justiça Caso
Rivais do miliciano Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando de Curicica, preso por suposto envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em março deste ano, estariam ameaçando a ex-mulher, Thais Ferreira, e familiares dele. Após as intimidações sofridas, parentes pediram a inclusão no programa federal de proteção à testemunha.
Um dos indícios teria sido o caso de um caminhão cheio de galões de água mineral ter pegado fogo, próximo à comunidade do Terreirão. Thais pegou emprestado o veículo e foi fazer entregas da mercadoria na localidade, que, de acordo com informações do O Globo, já foi controlada pelo ex-marido, detido, desde junho, na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
+ Número de assassinatos no Brasil chega a 30 mil em sete meses
Em depoimento à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão Potiguar, Thais disse à reportagem que revelou às autoridades o que sabe sobre a briga de milicianos na região. O órgão também ouviu relatos de Orlando, que voltou a negar qualquer tipo de envolvimento na morte de Marielle e Anderson. Ele ainda acusou a Delegacia de Homicídios do Rio de pressioná-lo para assumir a autoria do duplo homicídio.
O miliciano também fez uma acusação a um suposto grupo de criminosos formado por policiais militares e ex-PMs. Segundo Orlando, o "Escritório do Crime" foi quem matou a vereadora e o motorista, porém disse desconhecer a motivação dos assassinatos. Por outro lado, a ex-mulher foi de encontro à informação fornecida por ele.
"Orlando sabe de muita coisa, mas não conta quase nada para nós. Ele é calado, mas sabe quem matou Marielle. Se falar tudo, muita gente vai cair. Tem gente grande por trás, mas não sei quem é, só sei que minha vida está de cabeça para baixo. Só vejo uma saída, entrar no programa de proteção à testemunha", lamentou Thais.