Conversas de WhatsApp contradizem suspeitos de matar Daniel
Em mensagens, Allana Brittes dá diferentes versões para a mãe, tia e amigo do jogador depois do crime
© Erico Leonan/São Paulo FC
Justiça Festa
Conversas de WhatsApp contradizem depoimentos dos suspeitos Allana Brittes e seu pai Edison Brittes sobre o que teria acontecido no dia da morte do ex-jogador do São Paulo Daniel Corrêa, de 24 anos. Ambos disseram à polícia que Edison matou o jogador por tê-lo encontrado tentando estuprar a esposa dele, Cristiana.
Os suspeitos disseram ainda que Daniel teria sido espancado e morto após ser flagrado por Edison. A cena teria sido presenciada por convidados de Allana, de 18 anos, que oferecia uma festa em casa.
Contudo, prints de conversas do WhatsApp, aos quais o 'UOL Esporte' teve acesso, mostram diálogos de Allana com um amigo em comum, com a mãe de Daniel e com uma tia dele depois do crime. As informações fornecidas pela jovem foram diferentes do depoimento.
Allana disse em uma conversa com a tia de Daniel que "ele só levantou e foi embora", "às 8h e pouco". À polícia, ela afirmou que viu Daniel tentando estuprar sua mãe.
Ao ser questionada pela tia da vítima sobre uma possível briga, a jovem responde: "Claro que não, imagina. Era a minha casa. Ele só levantou e foi embora."
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Em outra conversa, com o amigo de Daniel, quando o jogador ainda estava desaparecido, Allana dá outra versão:
Amigo: "O Dani tá aí?"
Allana: "Oi, bebê, não nem vi a hora que ele foi embora."
Amigo: "Vê com quem ele foi embora, se foi com alguma menina e manda o número da menina."
Allana: "Então, a menina com quem ele ficou tá aqui. Acordei e ela tava de PT no sofá. (...) Certeza que já aparece, deve estar com alguma gata."
Em um terceiro diálogo divulgado pelo site, ela diz que a festa foi "perfeita". "Ficamos muito doidos, ressaca brava hoje. Era bebida que não acabava mais", disse ela. "Eu amei tudo, perfeito. Todo mundo amou, graças a Deus."
E vídeo divulgado após a prisão de Allana e Edison, a jovem aparece dizendo que escutou uma gritaria vinda do quarto da mãe. "Descemos e, na hora que abrimos a porta, ele estava em cima da minha mãe tentando estuprar ela. Todo o mundo começou a querer fazer alguma coisa contra ele, porque minha mãe gritava, e ele não falava nada."
Outra contradição no depoimento da jovem foi evidenciada por conta de uma foto postada no Instagram no aniversário de 17 anos de Allana. Na imagem, a jovem aparece ao lado do jogador. No entanto, ela havia afirmado à polícia que conhecia o jogador há menos de um ano.
O advogado da família Brittes foi procurado pelo 'UOL Esportes', mas não se pronunciou.
A família de Daniel quer afastar a alegação dos Brittes de que o jogador teria estuprado Cristiana. A polícia investiga se houve estupro ou sequer sexo consensual.
Allana, Edison e Cristiana Brittes estão detidos temporariamente sob suspeita de participação no crime. O delegado Amadeu Trevisan informou que outros suspeitos devem ser presos nos próximos dias.