Saiba quem são os cinco mortos no ataque da catedral de Campinas
A motivação do crime ainda é desconhecida
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Justiça Chacina
Sob muita comoção, foram enterrados nesta quarta (12) os corpos dos quatro homens mortos por um atirador na Catedral Metropolitana de Campinas (SP). Uma quinta vítima morreu nesta tarde em um hospital da cidade.
Na terça (11), o criminoso, identificado como Euler Fernando Grandolpho, 49, entrou na igreja, sentou-se entre os fiéis e passou a disparar contra os presentes logo após o final da missa. Segundo a Polícia Militar, o atirador se matou após o ataque. A motivação do crime ainda é desconhecida.
Veja quem são as vítimas do ataque:
Cristofer Gonçalves dos Santos, 38 anos
É natural de Porto União (SC). Solteiro, sem filhos, migrou para Campinas há mais de 15 anos, seguindo os passos do primo, Christian dos Santos, que se mudou antes, em busca de trabalho.
Trabalhava como garçom no restaurante Catetinho, na Sociedade Hípica de Campinas, clube tradicional da cidade. "Uma pessoa muito simples, bonzinho. Sem maldade no coração", disse a professora Fernanda Ribeiro, casada com Christian, primo da vítima.
Segundo ela, Cristofer costumava ir à catedral para rezar, independentemente dos horários de missa.
Treze pessoas acompanharam, em um cortejo silencioso, o enterro do garçom. Sem condições financeiras, a mãe e a irmã de Cristofer, que vivem no interior de Santa Catarina, não participaram do sepultamento. O enterro aconteceu por volta das 13h30 no cemitério dos Amarais.
"A gente entra na igreja para buscar acalento, segurança. Não para buscar morto", desabafou Fernanda.
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Sidnei Vitor Monteiro, 39 anos
Natural de Campinas, morava em Hortolândia (SP), cidade vizinha, há 32 anos.
Era auxiliar no setor de manutenção da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, onde era conhecido por animar os colegas. "Onde ia gostavam dele. Ajudava quem precisava, estava sempre animado", disse o companheiro de trabalho Renato Benetti.
Corinthiano fanático, Sidnei entrava nas brincadeiras sobre futebol e fazia pirraça com colegas e familiares. De família muito religiosa, frequentava a igreja em Hortolândia e foi à catedral com a mãe, Jandira Prado Nogueira, 65. Em seguida, planejava ir a uma consulta no dentista.
Ferida no ataque, Jandira recebeu alta nesta quarta e acompanhou o sepultamento do filho de dentro de uma ambulância. "Vai com Deus, meu filho", afirmou, enquanto o longo cortejo com familiares, amigos e colegas de trabalho passava com o caixão.
O pai de Sidnei, Milton Candido Monteiro, após salvas de palmas e orações, disse que não desejava que ninguém passasse, como ele, pela perda de um filho.
O irmão, Silvio Monteiro, emocionado após a descida do caixão, despediu-se de Sidnei e colocou no túmulo a bandeira do Corinthians, que, durante todo cortejo, esteve em cima do caixão. Ao final, mais uma salva de palmas.
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José Eudes Gonzaga Ferreira, 68 anos
Nasceu em Tinguá, no interior do Ceará, mas morava em Campinas havia mais de três décadas. Aposentado, trabalhou como vendedor por toda a vida.
Tinha um ritual com a mulher, Maria de Fátima Frazão Ferreira, 68: quando caia a aposentadoria, iam juntos ao banco no centro da cidade e, depois, passavam na catedral para agradecer.
Na terça, resolveram inverter a ordem e foram antes à igreja. Maria de Fátima foi atingida na perna. Eudes levou diversos tiros e morreu no local. Ele deixa dois filhos – um terceiro, caçula, morreu aos 12 anos.
Nesta quarta, Maria de Fátima acompanhou o cortejo fúnebre de cadeira de rodas. Ela teve alta já na terça, mas a bala ainda está alojada na perna.
Dezenas de familiares e amigos rezaram e aplaudiram quando o corpo foi enterrado. Os filhos, em choque, foram amparados por parentes.
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Eupídio Alves Coutinho, 67 anos
Nasceu em Montes Claros (MG) e se mudou para São Paulo aos 16. Trabalhou 37 anos como motorista de ônibus na capital e, ao se aposentar, mudou-se para Monte Mor (SP), município da Região Metropolitana de Campinas. Casado com Zilda Alves Coutinho, ferida no ataque, deixa um filho e um enteado.
Bastante conhecido no bairro Jardim São Domingos, Elpídio cantava no coral da igreja e participava ativamente da comunidade. Frequentava um clube "da melhor idade" com sua esposa, onde dançavam e faziam ginástica.
Preparava-se para uma viagem à terra natal -de onde veio um ônibus de familiares para o velório- e foi a Campinas para comprar as passagens. Religioso, parou na catedral com a esposa. Com ferimentos, Zilda foi socorrida e liberada ainda na terça.
O enterro ocorreu por volta das 16h20, no cemitério municipal de Monte Mor. Sob sol forte, amigos e familiares presentes fizeram orações e cantaram. Aos poucos, os que prestavam homenagens foram buscando abrigo na sombra de árvores e se despedindo de Elpídio.
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Heleno Severo Alves, 84 anos
Heleno vivia em Indaiatuba (SP) e era devoto de Nossa Senhora da Conceição. A santa, padroeira de Campinas, dá nome à igreja onde aconteceu a tragédia. Na terça, iria à catedral pela manhã, mas perdeu dois ônibus. A família tentou demovê-lo da ideia, mas Heleno insistiu.
Pela hora que saiu de Indaiatuba, os familiares calculam que ele tenha chegado pouco antes do atentado. Baleado no ataque, foi levado ao hospital Mario Gatti, onde passou por cirurgia. Morreu na tarde desta quarta. Heleno deixa oito filhos. Com informações da Folhapress.