Meteorologia

  • 23 DEZEMBRO 2024
Tempo
--º
MIN --º MÁX --º

Edição

Entenda o caso João de Deus, suspeito de assediar centenas de mulheres

Até quinta-feira (13), mais de 200 mulheres denunciaram os abusos sexuais junto ao órgão

Entenda o caso João de Deus, suspeito de assediar centenas de mulheres
Notícias ao Minuto Brasil

14:06 - 15/12/18 por Estadao Conteudo

Justiça Abadiânia

Na madrugada do último sábado (8), o Jornal da Globo e o programa "Conversa com Bial", ambos da TV Globo, trouxeram à tona as primeiras denúncias de abuso sexual contra João Teixeira de Farias, conhecido como João de Deus. Nos dez depoimentos exibidos, mulheres disseram que o médium abusou delas durante os atendimentos espirituais que oferecia em Abadiânia, no interior de Goiás. Em nota, ele negou as acusações.

O Ministério Público de Goiás e a Polícia Civil afirmaram, na segunda-feira (10), que já apuram há meses as denúncias de abuso sexual. Segundo o MP, elas foram encaminhadas à Polícia Civil do Estado de Goiás no primeiro semestre de 2018. O delegado-geral da Polícia Civil André Fernandes de Almeida afirmou que a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) abriu investigações em outubro.

+ Defesa diz que João de Deus vai se entregar, mas não respeitará prazo

+ Polícia acredita que João de Deus está fora de Goiás

+ João de Deus tem que se entregar até as 14h de hoje

O MP também declarou ter registros de casos de assédio desde 2010. Já o programa de Pedro Bial apresentou acusações desde os anos 1980. Em apenas um dia, uma força-tarefa montada pelo órgão reuniu 40 denúncias. Até quinta-feira (13), mais de 200 mulheres denunciaram os abusos sexuais junto ao órgão.

Na última quarta-feira (12), a Promotoria de Justiça de Goiás pediu a prisão preventiva de João de Deus. O advogado do médium, Alberto Zacharias Toron, pediu que a prisão não fosse concedida. Segundo ele, seu cliente estaria disposto a fazer atendimentos espirituais escoltado por policiais. No entanto, hoje, a Justiça decretou a prisão preventiva de João de Deus.

Quem é João de Deus?

João Teixeira de Farias tem 76 anos e é médium. Desde 1976, ele oferece supostos tratamentos mediúnicos na Casa Dom Inácio de Loyola, autodenominada "hospital espiritual", em Abadiânia, em Goiás. Apesar da formação católica, ele começou os seus trabalhos no fim da adolescência peregrinando pelo País.

Segundo o site da instituição, são oferecidos serviços como passes e cirurgias espirituais baseados nas entidades recebidas pelo médium. O atendimento é gratuito e a cobrança só é feita caso seja necessária medicação. Entre as cirurgias, há as opções: invisível (sem corte) e visível (com corte), sendo que, de acordo com o site, as últimas só ocorrem caso seja o desejo do paciente.

Relação com famosos

João de Deus ficou conhecido como apadrinhado do também médium Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier. Segundo o site de João, a escolha da cidade de Abadiânia para instalar o seu hospital espiritual se deu após uma mensagem psicografada por Chico e ditada pelo espírito Dr. Bezerra de Menezes, recomendando o local.

A Casa Dom Inácio de Loyola já recebeu personalidades, como os ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e outros políticos famosos, como Hugo Chávez e Bill Clinton.

Após as denúncias, Janaina Paschoal, a deputada estadual eleita com mais votos na história postou em suas redes sociais uma mensagem sobre as acusações contra o médium. Ela aproveitou para ressaltar a importância do trabalho espiritual. A apresentadora Xuxa também usou as redes sociais para pedir desculpa ao público por ter divulgado o documentário de João de Deus e pediu compreensão para as vítimas de abuso sexual.

+ Saiba quais famosos já frequentaram o centro espírita de João de Deus

João de Deus e Oprah

A apresentadora americana Oprah Winfrey esteve com o médium na casa de Abadiânia em 2012 para gravar entrevistas e acompanhar atendimentos espirituais. Após saber das denúncias contra João de Deus, ela retirou do ar os vídeos e declarou ter empatia pelas mulheres que o denunciaram.

Acusado pela filha

Dalva Teixeira, de 45 anos, filha de João de Deus, declarou em um vídeo ter sofrido abuso sexual por parte do pai entre os 9 e 14 anos. O depoimento foi gravado em 2016 e, por medo de represálias, só foi divulgado na última terça-feira (11), pela TV Record. No relato, Dalva afirma que os abusos acabaram apenas quando ela se casou, aos 14 anos.

Editora e distribuidora suspendem produtos com João de Deus

Após a divulgação das acusações, a editora Companhia das Letras suspendeu a distribuição do livro João de Deus: Um Médium no Coração do Brasil, publicado em 2016. Já a distribuidora Paris Filmes cancelou a comercialização do documentário João de Deus - O Silêncio É uma Prece, lançado em maio, em todas as plataformas digitais.

Vítimas de abuso sexual criam rede de apoio

Para acolher as denunciantes do médium, foram criados grupos de apoio às vítimas. Um deles foi criado pelas mulheres abusadas sexualmente pelo ex-médico Roger Abdelmassih e outro é liderado pela ativista Sabrina Bittencourt, que recebeu ao menos 185 denúncias contra 13 líderes espirituais brasileiros, incluindo o guru Sri Prem Baba.

+ João de Deus pode superar caso Abdelmassih, afirma MP

Fiéis e funcionários esperam em Abadiânia

Mesmo após as denúncias, fiéis de outros Estados e do exterior foram para a cidade goianiense para serem atendidas por João de Deus, ainda que o movimento tenha caído. Com apenas 17 mil moradores, Abadiânia tem a economia centrada em na figura de João e teme um colapso.

Funcionários e voluntários da Casa Dom Inácio de Loyola também disseram manter a confiança no médium. Mulheres ouvidas pelo Ministério Público afirmaram que alguns funcionários do médium eram coniventes com os abusos sexuais.

+ Caso João de Deus pode ter envolvimento de quatro funcionários

João de Deus volta à Casa Dom Inácio de Loyola

Na quarta-feira (12), o médium apareceu pela primeira vez em seu hospital espiritual desde que as denúncias vieram à tona. Depois de passar menos de 10 minutos em uma sala de atendimento, João de Deus fez um rápido pronunciamento e disse que está "na mão da lei brasileira". Com informações do Estadão Conteúdo.

Campo obrigatório