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Linfoma: Cinco coisas a saber sobre o tumor do sangue mais frequente

As causas do linfoma não são conhecidas, embora sejam sugeridos alguns fatores de risco

Linfoma: Cinco coisas a saber sobre o tumor do sangue mais frequente
Notícias ao Minuto Brasil

13:00 - 15/09/19 por Notícias Ao Minuto

Lifestyle Dia Mundial do Linfoma

O linfoma é uma doença maligna, mas que pode ter cura. Reconhecer os sintomas é o primeiro passo para o diagnóstico da doença e para o início do tratamento. Para assinalar o Dia Mundial do Linfoma, o médico João Paulo Fernandes - especialista em Hematologia Clínica e Oncologia Médica da CUF Instituto de Oncologia, Hospital CUF Descobertas - partilhou com o Lifestyle ao Minuto um artigo de opinião sobre cinco factos que tem de saber sobre este tumor.O número de casos de linfoma tem vindo a aumentar nas últimas décadas. Em Portugal, são anualmente diagnosticados 1700 novos casos de linfoma. 

As causas do linfoma não são conhecidas, embora sejam sugeridos alguns fatores de risco, designadamente a imunossupressão causada por medicamentos ou por doenças, com a infecção por VIH/SIDA e a infecção pelo vírus Epstein-Bar.

Eis cinco coisas a saber sobre o mais frequente tumor do sangue:

O que é um linfoma?

O termo Linfoma denomina um conjunto de doenças com origem em células do sistema imunitário, os linfócitos, que afeta todas as idades. Existem vários tipos de linfoma (mais de 30), mas agrupam-se em duas grandes famílias: os linfomas de Hodgkin (cerca de 15% do total) e os linfomas não Hodgkin (cerca de 85%).

Os linfomas de Hodgkin em Portugal são cerca de 300 novos casos por ano. Os linfomas não Hodgkin, cerca de 1700 novos casos por ano em Portugal, incluem cerca de 30 subtipos, mas existem 2 subtipos dominantes: linfomas de células B (85% do total, origem em linfócitos B) e de células T (15% do total, origem em linfócitos T).

Na maior parte dos linfomas, a causa é desconhecida. Sabemos que há associação com infecções crónicas (a mais frequente é a associação de linfoma do estômago a infecção pela bactéria helicobacter pylori) ou alterações congénitas ou adquiridas do sistema imunitário (a mais relevante decorre da infecção por vírus VIH).

Os linfomas de Hodgkin são doenças predominantemente dos gânglios linfáticos e ocorrem maioritariamente em doentes dos 20 aos 40 anos. Afetam mais frequentemente os gânglios do pescoço e intratorácicos (zona chamada “mediastino”), e são habitualmente doenças de evolução não aguda, podendo arrastar-se meses a anos até ao diagnóstico.

Já os linfomas não Hodgkin nada têm de monótono na sua forma de apresentação, e afectam todas as idades e praticamente todos os órgãos do corpo humano, do cérebro à pele, do osso ao pulmão! Podem ter instalação aguda e agressiva ou curso crónico (não exigindo tratamento, mesmo quando disseminadas).

No geral, os linfomas não Hodgkin têm pior prognóstico do que os linfomas de Hodgkin, e os linfomas T são mais agressivos e difíceis de tratar do que os linfomas B. Dentro do enorme leque de linfomas não Hodgkin de células B há de novo uma divisão em 2 grupos dominantes - o linfoma folicular (cerca de 30% do total) e o linfoma B difuso de células grandes (cerca de 40% do total).

O que é necessário para diagnosticar um linfoma?

O diagnóstico passa sempre por uma biópsia de tecido - gânglio, medula óssea, baço, fígado, pele, cérebro, estômago, entre outras - e pela observação ao microscópio. À simples observação adicionam-se técnicas para caracterização das células envolvidas, de que se destacam as técnicas de imunohistoquímica - coloração mediante o uso de anticorpos (uma proteína específica que reage apenas com o corpo estranho contra o qual foi produzido) que identificam proteínas presentes na superfície ou no núcleo das células. Com base nisto, o médico anatomopatologista classifica como linfoma de Hodgkin ou não Hodgkin, de células T ou folicular, etc.

Diagnosticar o tipo correcto não chega - é necessário identificar se há uma causa ou factor de risco identificável, qual a extensão no organismo (o que os oncologistas denominam “estadiar” a doença, geralmente recorrendo a imagem por TAC ou por PET - tomografia de emissão de positrões), se há alterações metabólicas ou imunitárias associadas, qual o impacto em termos de funcionamento do órgão atingido e do organismo no seu todo. Todos estes dados levam a definir um índice de risco, isto é, um indicador de prognóstico que permite ajustar o tratamento à doença e à pessoa doente. Nos linfomas, e no geral em todas as doença oncológicas, a idade é um factor crítico e só por si determina fortemente o risco da doença e as possibilidades de tratamento

Como são tratados os linfomas?

O tratamento dos linfomas é variado, mas é fundamental afirmar que nem todos os linfomas necessitam de tratamento imediato - há linfomas que não provocam sintomas e cuja evolução é tão lenta que são apenas vigiados!

No linfoma de Hodgkin, a base do tratamento é a quimioterapia, feita habitualmente por períodos de 2 a 6 meses, por vezes com a adição de radioterapia; apenas nas situações em que a doença não melhora com o tratamento convencional se recorre ao transplante medular ou a outros tratamentos (em especial a imunoterapia).

No linfoma não Hodgkin há situações que têm tratamento diferenciado - o linfoma gástrico associado a helicobacter pylori é tratado com antibióticos (com sucesso em 80 a 90% dos casos) e certos linfomas da pele são tratados apenas por cirurgia. No entanto na maior parte dos casos a quimioterapia é a base do tratamento. Nos linfomas B, o grande avanço dos últimos 20 anos foi a introdução de anticorpos específicos para os linfócitos B (o mais comum é o fármaco chamado Rituximab), que podem ser usados isoladamente ou em conjunto com a quimioterapia (o que é mais frequente).

O que podemos esperar após o tratamento?

Ter um linfoma não é uma sentença de morte, e os resultados obtidos hoje são claramente melhores do que no passado. No linfoma de Hodgkin, podemos esperar curas em 75 a 90% dos casos; nos linfomas não Hodgkin, em 50 a 70% dos casos obtemos controlo prolongado ou cura da doença.

Para além das toxicidades agudas dos tratamentos há também consequências tardias que podem comprometer ou limitar a vida dos doentes (desde infertilidade a complicações cardíacas ou endócrinas) e sabemos que os doentes tratados têm maior risco de ter segundos tumores, 15 a 30 anos mais tarde.

Recorrer a uma equipa hospitalar multidisciplinar e experiente, com acesso aos melhores tratamentos, é condição essencial para o sucesso dos mesmos.

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