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Por muito correta, equilibrada e, até mesmo, saudável que uma alimentação seja, cada pessoa tem uma forma muito própria de reagir à ingestão e digestão de determinados alimentos. E é aqui que podem ocorrer situações de intolerância e alergia alimentar.
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O Lifestyle ao Minuto falou com a nutricionista Lillian Barros, que explica tudo o que é preciso saber sobre a diferença entre alergia e intolerância alimentar.
A alergia alimentar, diz a especialista, é “uma reação imunológica, mediada por IgE específicas [Imunoglobulina E], que ocorre após a ingestão ou contato com um determinado alimento”. Neste caso, as manifestações clínicas, ou seja, as reações alérgicas, “são geralmente imediatas” e “intensas”, podendo ocorrer “cerca de uma a duas horas após a ingestão do alimento nocivo e que é facilmente identificado”.
Já na intolerância alimentar, “há a formação de anticorpos IgG [Imunoglobulina G] dirigidos contra proteínas dos alimentos”. Nestes casos, “o organismo não consegue digerir completamente alguns alimentos, provavelmente devido a uma deficiência enzimática do sistema digestivo, ou outro mecanismo desconhecido".
Perante uma intolerância alimentar, “existe a produção de substâncias, que o organismo reconhece como estranhas causando uma reação de sensibilidade alimentar”, ou seja, “micro-inflamações internas, variando o aparecimento dos sintomas entre um a três dias após a ingestão do alimento nocivo”.
E é esta demora no aparecimento de sintomas que faz com que haja “uma despreocupação geral em relação à detecção das intolerâncias alimentares, apesar destas resultarem em efeitos ruins para a nossa saúde, com consequências a médio longo prazo”.
Apesar de não serem imediatas e de terem uma intensidade menor, “a curto prazo, as suas consequências podem ser muito desagradáveis em termos de bem-estar geral, de qualidade de vida e até mesmo no equilíbrio imunológico, que nos permite proteger contra o desenvolvimento de variadíssimas doenças”, alerta a nutricionista clínica.
Como identificar o ‘alimento vilão’?
“Qualquer pessoa pode desenvolver uma intolerância a qualquer alimento, principalmente se o alimento em questão for consumido em grandes quantidades e ao longo de muito tempo. Uma alimentação monótona e pobre em variedade poderá resultar em intolerâncias alimentares”.
Ao Lifestyle ao Minuto, Lillian Barros explica que é difícil encontrar uma “associação de causa-efeito” no caso da intolerância alimentar, uma vez que a reação ao alimento pode tardar a chegar. Contudo, existem formas de detectar o vilão.
Os testes de intolerâncias alimentares (por via de recolha sanguínea ou bio-ressonância eléctrica) mostram-se “válidos no sentido de conseguir identificar, de forma rápida e precisa, quais os alimentos ou grupos alimentares que estão na origem das manifestações clínicas relatadas em consulta”. Nestes testes, os resultados obtidos classificam os alimentos e aditivos como ‘permitidos’, ‘pouco aconselháveis’ e ‘proibidos’, sendo estes os alimentos a evitar.
Mas também é possível “optar por fazer um autoconhecimento com técnicas de tentativa erro”. Trata-se de “uma avaliação muito mais morosa, mas igualmente eficaz”, diz a nutricionista, que indica que “é uma alternativa válida”, já que o custo dos testes de intolerâncias alimentares é elevado e que, “regra geral, os que são oferecidos em promoções e a valores muito reduzidos podem deixar a desejar em termos de qualidade”.
Para a “avaliação da sintomatologia” face à ingestão de determinados alimentos, Lillian Barros aconselha “manter uma dieta de restrição e exclusão alimentar, com uma duração limitada não superior de 5-7 dias”.
“Após estes dias de exclusão, deverá começar a incluir de forma faseada e independente, cada um dos alimentos suspeitos com cerca de uma semana de intervalo”, explica, indicando que é importante manter um “registro de todo e qualquer consumo alimentar, seja ele sólido ou líquido, assim como de qualquer desconforto sentido”.