9 informações essenciais sobre infertilidade masculina
O assunto é tabu para muitos homens, mas o problema é mais recorrente do que se imagina
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A infertilidade masculina é pouco discutida, mas a metade dos casais que não conseguem ter filhos sofrem com o problema masculino. Ainda cheia de mistérios, a infertilidade dos homens é tabu para muitos, mas precisa ser conhecida para que possa ser resolvido.
O site UOL entrevistou os médicos Daniel Suslik Zylbersztejn, especialista em reprodução humana do Hospital São Paulo e Márcio Coslovsky, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, para que eles respondam 11 perguntas sobre as causas, como prevenir e como tratar o problema. Confira:
1. Quais os números relacionados a infertilidade masculina?
Cerca de 15% dos casais no mundo sofrem com a infertilidade e os homens representam metade dos casos. Em cerca de 25% deles, esse é o único motivo de infertilidade do casal e, em outros 25%, aparece como fator misto, associado a alguma questão feminina.
2. Qual a principal causa do problema?
A infertilidade masculina pode acontecer por muitos fatores, mas a principal é a varicocele, a dilatação anormal das veias que fazem parte do cordão espermático, no testículo. Por não apresentar sintomas, ela pode passar anos sem ser diagnosticada, prejudicando a produção de espermatozoides, devido ao aumento da temperatura testicular crônica. O tratamento é cirúrgico e, em último caso, é preciso recorrer à fertilização in vitro.
3. Que outros fatores podem deixar o homem infértil?
Outros problemas que podem levar à infertilidade masculina são: a ausência de espermatozoides na ejaculação (azoospermia); baixa produção de espermatozoides (oligozoospermia); alterações na forma e na motilidade dos espermatozoides; doenças como o câncer (a radioterapia e a quimioterapia podem afetar o aparelho reprodutor); obesidade e diabetes; doenças neurológicas; disfunções sexuais; uso de drogas anabolizantes esteroides ou de certos tipos de medicação, como alguns diuréticos e hipotensores. Tabagismo, torção de testículo, criptorquidia (nascer com testículo fora da bolsa), infecção de testículo por caxumba e DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).
4. O estilo de vida pode influenciar negativamente?
Com certeza. Pesquisas recentes vêm apontando obesidade, sobrepeso, má qualidade de vida e estresse como outros fatores que podem influenciar na infertilidade masculina. O diabetes, que pode ser ocasionado por sobrepeso ou obesidade, também alteram o sistema reprodutivo. A gordura altera a produção de espermatozoides por gerar calor na região testicular, que atrapalha as células que produzem espermatozoides, bem como a redução dos níveis de testosterona. O estresse, por sua vez, pode levar à disfunção erétil, provocar problemas de ejaculação, aumentar o número de células inflamatórias que interferem na qualidade dos espermatozoides e diminuir o desejo sexual.
5. A idade influencia na fertilidade?
Sim. Estudos apontam que homens acima de 40 anos começam a apresentar espermatozoides com alterações cromossômicas e mutações genéticas, embora em menor intensidade quando comparadas às alterações vistas em mulheres mais velhas.
6. O espermograma é mesmo uma prova de fertilidade?
Um espermograma normal não é um verdadeiro atestado de boa fertilidade do homem, mas, sim, um bom indicador. Ele deve ser associado a um teste de fragmentação de DNA.
7. Quando o congelamento de espermatozoides pode ser uma boa opção?
Em casos de tratamentos de câncer, com quimioterapia e radioterapia, cirurgia da próstata, vasectomia, cirurgias abdominais que possam impedir a ejaculação no futuro são indicações precisas de criopreservação de sêmen. As taxas de gravidez com o uso de espermatozoides a fresco ou descongelados são basicamente as mesmas.
8. É possível prevenir a infertilidade masculina?
Com exceção dos fatores biológicos, levar um vida saudável, evitar uso de drogas e tabaco, praticar atividades físicas regularmente, manter um peso adequado e ter uma vida sexual sem risco para DSTs.
9. Quais os tratamentos disponíveis para o homem infértil?
Na maioria dos casos, a infertilidade é resolvida com medicamentos ou cirurgia, mas em situações mais complexas, é preciso recorrer a tratamentos de reprodução assistida, como fertilização in vitro e a injeção espermática intracitoplasmática, que consiste na introdução de um único espermatozoide dentro do óvulo para promover a fecundação. Porém a azoospermia (ausência de espermatozoides na ejaculação) não pode ser tratada e a única solução é recorrer a bancos de sêmen.