Bug em software de ressonância pode jogar no lixo 15 anos de pesquisa
Os neurocientistas começaram a desconfiar dos resultaods ao comparar imagens do cérebro de 499 pessoas, que se encontravam em repouso
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Lifestyle Deu ruim
Neurocientistas suecos e ingleses estão perdendo as noites de sono com uma descoberta recente, que pode afetar mais de 40 mil pesquisas, caso estejam certos. Um novo estudo aponta que um bug de software e erros estatísticos podem invalidar 15 anos de pesquisas científicas sobre o funcionamento do cérebro.
A questão está focada na técnica de neuroimagem chamda Ressonância Magnética Funcional, ou fMRI, de acordo com a Super Interessante. A técnica vem sendo usada desde o início dos anos 1990, no qual os pesquisadores pedem que uma pessoa faça uma determinada tarefa dentro de uma máquina de ressonância magnética, para que a máquina produza um imenso campo magnético mapeando o corpo inteiro. Este campo faz com que as células do sangue vibrem e, assim, os cientistas podem ver quais partes do cérebro tem mais fluxo sanguíneo.
O artigo dos pesquisadores, publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, coloca em cheque o método estatístico empregado com o uso da ressonância magnética. Caso sua teoria se confirme, quase tudo que foi descoberto usando fMRI pode ser questionado.
Os neurocientistas começaram a desconfiar dos resultaods ao comparar imagens do cérebro de 499 pessoas, que se encontravam em repouso. Como todas estavam no mesmo estado, as imagens deveriam ser muito parecidas - só que não eram. Resultados indicando falso negativo foram encontrados em cerca de 70% das amostras, quando não deveriam passar de 5%, o que aponta que os resultados são imprecisos e, por isso, inconclusivos. Na prática, o fMRI pode apontar atividade em áreas no cérebro mesmo quando não há atividade alguma. A culpa seria dos critérios estatísticos usados nesse tipo de pesquisa, aliado ao bug no software que faz as análises.
Ainda segundo a revista, o custo do exame é um dos principais fatores que impediram identificar o problema antes. Uma única hora de máquina custa aos cientistas cerca de R$ 2 mil nos EUA, e uma máquina nova não sai por menos que US$ 3 milhões. Por isso, os estudos são feitos com uma amostragem pequena e quase nunca são repetidos.