Mais de 50% da população mundial acredita que seu país está em declínio
O estudo ainda mostra que 69% da nação brasileira sente que os políticos e seus partidos não se importam com a população
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No estudo "O sistema está quebrado?", no qual 22 países participaram, Brasil ocupa terceira posição no ranking, atrás de África do Sul (1º), Coreia do Sul e Itália (empatados em 2º) Brexit. Eleição do outsider Donald Trump nos EUA. Impeachment no Brasil. O sistema tradicional de política e governo está quebrado? Para mais da metade da população mundial (57%), sim. Os mais decepcionados são África do Sul (77%), Coreia do Sul (73%), Itália (73%) e Brasil (72%). Em contrapartida, indianos (22%) e canadenses (38%) não possuem essa percepção de decadência em suas nações. É o que revela a pesquisa Global Advisor da Ipsos em 22 países, que também investigou o apoio a líderes dispostos a romper com as regras vigentes e opiniões sobre os efeitos da globalização.
"A Ipsos está monitorando altos níveis de descontentamento com a maneira tradicional de fazer política há algum tempo. Isso pode assumir muitas formas - insegurança econômica, sentimento anti-imigração e uma percepção geral de declínio. Nosso estudo sugere que muitos países em todo o mundo compartilham a visão de que o sistema não lhes serve mais. Além disso, esse sentimento não tem restrições a fronteiras. Das economias emergentes ao mundo desenvolvido, das Américas à Europa e à Ásia, há frustrações e insatisfações. Esse clima de descontentamento provavelmente desempenhará um papel crucial em 2017 também com mais eleições chegando em países como França e Coreia do Sul", afirma Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs.
A percepção de declínio, no entanto, não é seguida de descrença em relação ao futuro. Dois em cada três entrevistados globalmente (67%) acreditam que seu país pode se recuperar e apenas 15% considera que o quadro é irreversível. Os mais otimistas são os peruanos (85%), seguidos pelos mexicanos e israelenses, empatados em segundo lugar (84%). O Brasil aparece em quinto lugar no ranking - 80% dos respondentes acham que é possível reverter o cenário atual e começar uma recuperação.
Um líder que esteja disposto a quebrar as regras será bem-vindo para 49% dos entrevistados globais. França (80%), Israel (69%), Itália (68%), Coreia do Sul (66%), Turquia (66%) e Índia (65%) são os países com maior favorabilidade ao que pode resultar na ascenção de outsiders do sistema político tradicional ou líderes populistas. No Brasil, os favoráveis são 48%. Já alemães (21%) e suecos (23%) são os menos propensos a aprovarem um líder com esse perfil.
O estudo ainda mostra que 69% da nação brasileira sente que os políticos e seus partidos não se importam com a população. O sentimento é global - 64% nos 22 países possuem a mesma visão. A globalização também foi abordada na pesquisa e, em média, 42% pensam que abrir a economia do seu país a negócios e comércios estrangeiros é uma oportunidade contra 26% que consideram uma ameaça. Os mais positivos sobre o potencial da globalização são Peru (55%), África do Sul (54%) e Reino Unido (54%). Os que menos veem como oportunidade são França (26%) e Japão (27%).
Outro tema abordado que apontou um sentimento pessimista em todo mundo é comparação entre gerações. As pessoas sentem que a sua geração teve uma vida pior do que os seus pais (43%). Europeus (Hungria - 65%, França - 61%, Itália - 60% e Espanha - 56%) e asiáticos (Coreia do Sul - 56% e Japão - 54%) estão mais insatisfeitos do que os latino-americanos (México 38%, Brasil 35% e Argentina 30%). As pessoas são ainda mais descrentes com as perspectivas de futuro dos jovens de hoje: 48% acham que a vida deles será pior que a dos seus pais e 48% pior, especialmente em países europeus como França (67%), Bélgica (66%) e Espanha (65%).
Realizada entre 21 de outubro e 04 de novembro, a pesquisa aconteceu em 22 países: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Hungria, Índia, Israel, Itália, Japão, México, Peru, Polônia, Suécia e Turquia. Foram entrevistadas 16.096 pessoas, sendo adultos de 18 a 64 anos nos Estados Unidos e no Canadá e de 16 e 64 anos nos demais países. A margem de erro é de 3,5%.
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