Vai fazer hipnose? Veja cuidados antes de realizar esse tratamento
Hipnose é o nome dado a fenômenos específicos da psique
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Hipnotizar é fácil, saber usar os fenômenos é outra história, muito mais complexa. Alguém que saiba provocar uma hipermnésia a um trauma equivale a saber usar um bisturi para chegar até o coração, o que não significa que saiba o que fazer quando vê-lo, podendo, obviamente, provocar muito mais danos do que benefício.
Há inúmeras definições para hipnose, afirma o psicólogo clínico e hipnoterapeuta Bayard Galvão. "Hipnose é o nome dado a fenômenos específicos da psique, os quais ocorrem em maior ou menor nível e variedade no dia a dia, de maneira coerente (caso contrário seria psicose), voluntariamente ou não. Esses fenômenos podem ser provocados por um hipnotista, em maior ou menor nível; se em psicoterapia, dá-se o nome de "Hipnoterapia", se com a finalidade de entreter, dá-se o nome de Hipnose de Palco", explica.
Os fenômenos mais utilizados em entretenimento são amnésia (esquecer um número ou o próprio nome), alucinação positiva (comer uma cebola achando que é uma maçã), alteração da percepção de si (acreditar que está possuído ou é outra pessoa), catalepsia (contração muscular intensa, podendo provocar o "efeito tábua" da cabeça aos pés e colocar indivíduo entre duas cadeiras) e anestesia (não sentir alguma sensação em alguma parte do corpo, não ocorrendo dor). Os fenômenos mais utilizados em psicoterapia são hipermnésia (memória intensificada), pseudo-orientação no futuro (exercício de imaginar-se intensamente em situações possíveis) e anestesia ou analgesia, para o caso de dor crônica ou aguda.
"Hipnotistas de Palco" possuem, comumente, a falsa crença de que levar alguém a esquecer um número durante alguns momentos ou tomar-se como sendo outra pessoa por alguns minutos, provoca nenhum dano ao sujeito, grave engano. Imagine alguém que tenha traços psicóticos acreditar que se tornou outro ser, de outro sexo, por cinco minutos, ou outro que tenha depressão, timidez e dúvidas sobre as próprias capacidades e em hipnose, em frente a muitos, esqueceu o número 7 por dois minutos. Mesmo provocando amnésia do acontecido durante a "Hipnose de Palco", não significa que o sujeito tenha apagado a memória, mas sim que a tenha esquecido, e não é porque alguém esquece algo que isso deixa de influenciar.
"Alguns hipnotistas se orgulham de hipnotizar (provocar algum fenômeno psíquico específico) rapidamente (até 15 segundos), mas isso é realmente fácil. Basta conhecer duas ou três técnicas de relaxamento e três frases que provocariam fenômenos, que seria o suficiente para cerca de 20% da população", relata o especialista.
Contudo, o problema, raras vezes, é conseguir hipnotizar alguém, mas é sempre saber o que fazer com o indivíduo com depressão, com a lembrança de críticas excessivas do pai, falta de amor da mãe, bullying, sequestro, aprendizagens ruins sobre sexo e outros sofrimentos.
"Afinal, psicoterapia é o processo de facilitar um paciente a aprender a lidar com o medo da morte, de traição, de rejeição, baixa autoestima e/ou outros sofrimentos do viver. Infelizmente, muitos aprendem a hipnotizar, mas não a meditar sobre esses problemas. Pior ainda, acham que sabem tratá-los, dispondo-se a se tornarem hipnoterapeutas, piorando a situação, e quando assim ocorre, apenas dizem que foi uma limitação do paciente, quando foi um erro deles", reflete Bayard.
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