Fumantes podem ter até 4 vezes mais complicações em cirurgias
Tabagismo pode aumentar a possibilidade de complicações respiratórias pós-cirúrgicas, aumentar risco de trombose e dificultar cicatrização
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Lifestyle Tabaco
No dia 29 de agosto é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, uma data que visa lembrar a importância de largar o vício do tabagismo, uma vez que a fumaça de cigarro contém mais de 4.000 compostos químicos (a maioria tóxicos) e que estão ligados ao estresse oxidativo celular com consequentes efeitos patológicos no organismo. “O cigarro é irritante à mucosa respiratória, o que causa acúmulo de secreção, podendo complicar a anestesia. Além disso, a tosse pode atrapalhar a recuperação de algumas cirurgias como abdômen e face. Do ponto de vista vascular, o risco de trombose também é maior em pacientes fumantes”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Isaps (International Society of Aesthetic Plastic Surgery).
Um estudo publicado na revista da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, em fevereiro deste ano e com análise de 40.000 pacientes, comprovou a maior incidência de complicações em pacientes tabagistas, incluindo trombose pulmonar, infecção, hematoma, necrose de tecidos e problemas com qualidade de cicatriz. De acordo com a médica, além da produção de radicais livres, hoje responsáveis por aceleração do envelhecimento, cada cigarro leva a um período de diminuição no calibre dos vasos sanguíneos, aporte de oxigênio e nutrientes na região da pele. “Alguns estudos apontam um aumento de até quatro vezes o número de complicações e intercorrências em decorrência do tabagismo, tanto no aparelho respiratório como risco de necroses e dificuldade de cicatrização da área operada”, observa.
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Já sobre o risco de trombose, a angiologista e cirurgiã vascular Dra Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, detalha que a nicotina presente no cigarro está ligada à diminuição da espessura dos vasos sanguíneos. “Além disso, o monóxido de carbono oferece um fator adicional de risco ao diminuir a concentração de oxigênio no sangue. Todo esse processo pode causar complicações para o normal funcionamento dos vasos, que ficam mais susceptíveis ao entupimento, podendo levar a processos de trombose principalmente quando há fatores de risco envolvidos”, afirma a angiologista. A trombose é um termo que se refere à condição na qual há o desenvolvimento de um ‘trombo’, um coágulo sanguíneo, nas veias das pernas e coxas. Esse trombo entope a passagem do sangue.
Nos casos em que se realizam cirurgias com amplos descolamentos, a tendência é de haver um risco maior de comprometimento do processo de cicatrização. Isso pode levar ao surgimento de necroses teciduais, deiscências de suturas (afastamentos das partes costuradas), dentre outras complicações. Desta maneira, é imprescindível adequar técnicas menos agressivas, com descolamentos teciduais menores para proteger o paciente de possíveis complicações, além de aconselhá-lo a cessar o fumo no pré-operatório.
“Seguindo orientação de artigos científicos, recomendo parar de fumar de quatro semanas antes da cirurgia até quatro semanas depois. A piora na cicatrização e aumento de complicações são conhecidos por todos os médicos e o paciente que deseja realizar a cirurgia precisa estar ciente dos riscos”, explica a Dra. Beatriz. Na ritidoplastia (plástica ou lifting facial), o tabagismo aumenta muito a chance de necrose (morte da pele)”, explica a médica. “Portanto, independente do tipo de cirurgia, vale a pena o esforço de parar de fumar.”
A cirurgiã plástica ainda reforça que o interessado em realizar cirurgia plástica deve consultar sempre um especialista membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).