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Casal brasileiro larga tudo, menos cachorro, para velejar pelo mundo

Sarah Moreira e Renato Matiolli trocaram o universo corporativo do Rio de Janeiro pela vida e o trabalho no Sail Ipanema, o barco do casal e do bull terrier Feijão, que navega por paraísos naturais dos quatro cantos do globo

Notícias ao Minuto Brasil

11:00 - 18/11/17 por Alex Souza Rajan

Lifestyle vida no mar

Se ainda não deu as caras, fique tranquilo - chega para todos o momento em que entramos em reflexões e questionamentos viscerais, muitas vezes entre o final dos 20 e o início dos 30 anos, período que a astrologia batizou de Retorno de Saturno.

“Afinal, tem valido a pena?”, a gente se pergunta. Nossas prioridades, nossa rotina, horas em deslocamento, o trabalho de que não gostamos, ou que até gostamos mas que não nos preenche. Sabe? 

Em 2014, a Sarah Moreira tinha 11 anos de uma vida profissional bem-sucedida no setor hoteleiro - para o Renato Matiolli, engenheiro de formação, já haviam se passado 15 trabalhando como consultor estratégico. Viviam juntos no Rio, estavam na casa dos 30 e poucos e ultrapassavam a célebre etapa descrita acima. Que no caso deles teve um desfecho transformador: a dupla resolveu romper com o status quo para colocar em prática um novo modelo de vida. Viver no mar, rodando o mundo a bordo de um veleiro, na companhia do bull terrier Feijão.

“A gente morava no Rio, a vida tinha melhorado, mas eram muitas horas no trabalho, férias curtas, depois voltávamos e trabalhávamos loucamente, longas horas. Faltava motivação”, relembra o Renato, acrescentando que, em pleno boom da Copa do Mundo, o Brasil andava mais caro do que nunca. “Era mais barato comprar um barco do que um apartamento de 20 metros quadrados em Copacabana.”

Segunda preguiça... Monday already?  #mondaymood

Uma publicação compartilhada por Sail Ipanema (@sailipanema) em Out 30, 2017 às 8:11 PDT

O sonho começou a ganhar forma e se mostrar viável, inclusive economicamente, durante uma viagem na embarcação de um casal croata que vivia exatamente como eles se imaginavam vivendo. E com uma história parecida, tendo em vista que os gringos, até pouco tempo antes do início da vida no mar, sequer sabiam velejar – mas pouco tempo depois já estavam completamente adaptados e felizes com a nova realidade. A fonte de renda dos croatas era a mesma que Sarah e Renato viriam a ter no futuro próximo: receber a bordo pessoas em férias ou que, também tendo o sonho de viver embarcado, gostariam de ver o projeto se desenvolvendo na prática.

Decisão tomada, barco comprado, o casal brasileiro embarca para uma segunda jornada com os croatas, agora grandes amigos, ocasião para aprenderem a velejar na prática. “Nós fizemos um curso básico no Rio para ter o documento. Mas sabe quando você tira a carta de motorista? Decora placas que nunca vai ver na vida? Na verdade você aprende a dirigir com seu pai ou com alguém que te ensina. Não na auto-escola”, observa Renato. “Mas fizemos o curso para os nossos pais ficarem tranquilos”, brinca. 

A VIAGEM 

Inicialmente, o plano do casal era dar a volta ao mundo em sete anos, período que, após os dois primeiros, começou a ser revisto (“É como se estivéssemos no final do primeiro ano”).   A viagem no Sail Ipanema, como foi batizado o barco e o projeto, começou na Croácia, cruzou o Atlântico e, atualmente, está na fase final da estada no Caribe, tendo até o momento passado por mais de 15 países – a conversa com o Notícias Ao Minuto Brasil ocorreu via Skype, enquanto o veleiro ancorava em alguma ilha da paradisíaca San Blas, no Panamá, onde estão desde julho e permanecem até fevereiro.

"Vem Feijão, vamos tirar uma foto..." Bulls, as delicate as they can get!  #bullterrierstyle

Uma publicação compartilhada por Sail Ipanema (@sailipanema) em Nov 6, 2017 às 7:36 PST

As próximas etapas incluem Puerto Lindo, Canal do Panamá, Cidade do Panamá e Islas Pernas, no Panamá, até abril do ano que vem; depois uma descida a Galápagos, entre 8 e 28 de abril; e posteriormente uma travessia dos sonhos pelo Pacífico, rumo à Polinésia.   

ROTINA

O dia a dia embarcado, a rotina: quais as tarefas, os prazeres, as preocupações? O principal afazer estrutural são os constantes trabalhos de manutenção do Sail Ipanema. Quando hóspedes estão a chegar, compra-se comida, limpa-se o barco, lava-se a roupa. Com os hóspedes a bordo, há o trabalho com as refeições e a tarefa de levá-los para a prática de esportes náuticos – tudo incluído no preço da estada. 

“Quando não temos manutenção para fazer, atualizamos as redes sociais, estudamos os lugares para os quais viajar, corremos atrás de gás de cozinha. Uma vez machuquei o pé, fiquei de molho, e aproveitei para atualizar o site”, conta o Renato. “Se tem onda, podemos surfar. Se tem vento, fazemos kite. Se não tem, fazemos snorkel. Tudo depende da natureza”, prossegue. 

Lidar com a natureza, aliás, é parte do maior aprendizado que a dupla vêm tendo com a vida no mar, pois vivem e dependem dela em tempo integral. “Também aprendemos a nos virar mais em diferentes sentidos. Desde consertar todo tipo de coisa no barco (em lugares isolados você não tem a quem recorrer), saber cozinhar coisas gostosas e saudáveis com os ingredientes disponíveis (não temos supermercado na esquina), até economizar coisas básicas como água, eletricidade e gás de cozinha. Temos de saber nos planejar e lidar com imprevistos. Sobretudo, a vida no mar tem nos ensinado que conseguimos viver e ser felizes com muito menos do que estávamos acostumados”, explica Sarah

A jornada do trio Sarah-Renato-Feijão pode ser acompanhada pelos textos, fotos e vídeos publicados nas redes sociais do Sail Ipanema. Neste post do blog, o Renato faz um passo a passo com dez dicas sobre como colocar o sonho em prática. No site do projeto é possível conferir os preços e a disponibilidade do barco para a recepção de hóspedes. As tarifas começam em US$ 400 por dia – para um período mínimo de três dias – e incluem o trabalho do capitão, da hostess, cabine com banheiro privativo, refeições, combustível para barco e bote, uso dos SUPs (stand up paddle) e equipamento de snorkel.

Para terminar a conversa, o repórter fez uma pergunta meio “água no chopp”, confessamos, para quem ainda tem muito mar pela frente: como seria a vida do trio numa eventual volta à rotina em terra? Sarah: “Acreditamos e esperamos que isto esteja bem distante. Mas acho que buscaríamos uma vida mais ao ar livre, com mais contato com a natureza, sendo ecologicamente responsáveis e vivendo num ritmo bem mais lento”. 

Inspira?

SERVIÇO

Site:  sailipanema.com.br

Facebook: @ipanemasail

Instagram: @sailipanema

YouTube:Sail Ipanema

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