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Em crise, bares gays nos EUA mudam estratégia

Na contramão da tendência, dois estabelecimentos abriram as portas em Washington nos últimos meses preparados para os novos tempos

Em crise, bares gays nos EUA mudam estratégia
Notícias ao Minuto Brasil

09:06 - 10/12/18 por Folhapress

Lifestyle Atualização

Os bares para mulheres LGBT estão em crise nos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, o número caiu quase pela metade, segundo dados do guia de viagens Damron, que compila informações sobre o assunto. Na contramão da tendência, dois estabelecimentos abriram as portas em Washington nos últimos meses preparados para os novos tempos.

Um deles é o A League of Her Own (expressão usada para dizer que alguém concorre sozinho em algo), inaugurado em agosto no bairro de Adams Morgan, famoso pela vida noturna.Logo na entrada, uma placa avisa às clientes: "consent is sexy" (consentimento é sexy).

Mas o bar parece ser menos para paquera do que para reuniões de amigas, que podem conversar e jogar videogame enquanto ouvem músicas que vão de Backstreet Boys e Christina Aguilera a reggaeton.

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Fotos de personalidades do sexo feminino, gays e não, ornam uma das paredes do bar -da cantora Madonna e a pintora mexicana Frida Kahlo à apresentadora Ellen DeGeneres e a juíza da Suprema Corte Ruth Bader Gisnburg."Nosso objetivo é criar uma atmosfera acolhedora", afirma a gerente, Jo McDaniel, 37.

Quem quiser mais agito pode ir até o segundo piso, onde há DJ e uma pista de dança aos fins de semana, também acessível aos clientes do bar de esportes voltado para homens LGBT que fica ao lado e pertence ao mesmo dono.Apesar de visar a clientela feminina, todos simpáticos à comunidade LGBT são bem-vindos ao local, diz McDaniel.

Essa é uma tendência que moldou grande parte dos bares gays nos Estados Unidos nos últimos anos, observa Greggor Mattson, professor de sociologia no Oberlin College que está escrevendo um livro sobre o assunto.

Os espaços deixaram de ser exclusivos para mulheres ou homens e passam a ser lugares mistos, frequentados também por héteros, em meio à fluidez de gêneros e a uma maior aceitação da diversidade pelos americanos.Para Mattson, esse foi um dos principais motivos que levaram à redução no número de bares para mulheres no país –enquanto havia 32 em 2007, dez anos depois foram catalogados 18, diz ele, que tomou como base o guia Damron, publicado desde 1964.

O primeiro estabelecimento para mulheres em Washington abriu em 1936, segundo o Rainbow History Project, que preserva a memória da comunidade LGBT da capital federal. Desde 2016, quando o tradicional Phase 1, que funcionou por mais de 40 anos, fechou as portas, o distrito estava carente de um bar do tipo.

Considerando bares LGBT no geral, o número foi de 1.611 para 1.190 em dez anos, queda de 26%. A popularização dos aplicativos de relacionamento, por meio dos quais o usuário pode encontrar um parceiro sem deixar o sofá, a maior inserção da comunidade gay na sociedade, levando seus membros a frequentar os mesmos lugares que os héteros, e a gentrificação também contribuíram para o declínio.

"Os tempos mudaram, podemos ver hoje todas as pessoas em todos os lugares. Mas também é muito importante que existam espaços seguros para a comunidade", diz Lina Nicolai, 33, uma das fundadoras do XX+ Crostino, lounge voltado para mulheres que abriu em julho na capital.

Isso porque, apesar dos avanços, ainda há quem não se sinta seguro em lugares convencionais, afirma KB Chef, 23, outra sócia do bar. "Quero dançar sem ser assediada por um bêbado", diz. "Estar em lugares com pessoas que pensam como eu, onde uns cuidam da segurança dos outros."O XX+ é descrito por elas como "uma casa fora de casa". Abriga festas, shows de música ao vivo, karaokê, aulas de dança, clube do livro e sessões de Netflix. "Somos mais um espaço de recreação para as pessoas se reunirem do que um bar", diz KB. É decorado com sofás, velas e uma mesa de sinuca.

Ao contrário das concorrentes, oferece comida além dos drinks.Bares como os que abriram em Washington são especialmente necessários nos estados mais conservadores dos Estados Unidos, diz Mattson. "Um bar em Indiana ou no Mississippi tem um significado diferente do que o de um em Washington, onde há uma grande aceitação de gays.

"Os estabelecimentos também fomentam a comunidade e a cultura LGBT, diz ele."Sempre haverá necessidade de espaços como o nosso", diz Jo. "O encontro com pessoas como você é poderoso." Com informações da Folhapress.

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