Verão 2019 tem febre de canudinhos de inox
Enquanto alguns usam canudos biodegradáveis de papel, mais baratos, algumas empresas apostam nos de inox, considerado o material mais reciclável do mundo
© iStock (Foto ilustrativa)
Lifestyle Sustentável
MARA GAMA - O mais efêmero dos descartáveis, o canudinho de plástico já está proibido em várias cidades do mundo.
No Brasil, a proibição começou no Rio, no ano passado, e está em processo de discussão em câmaras de vereadores ou esperando sanções de prefeitos em mais 69 municípios, segundo levantamento do site Cidades Inteligentes. Em Santos (SP), a distribuição foi proibida desde o início de janeiro.
Enquanto redes de fast food, lanchonetes, restaurantes e eventos com preocupação ambiental substituem os tubos plásticos por canudos biodegradáveis de papel, mais baratos, embora também descartáveis, algumas empresas apostam nos duráveis de inox, considerado o material mais reciclável do mundo.
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Há pelo menos seis empresas já atuando no mercado brasileiro. Uma delas é a Ocean Friend, que investiu inicialmente R$ 50 mil para organizar seu site de vendas em dezembro de 2018 e vendeu muito além do esperado: em 10 dias, 10 mil unidades. Em janeiro, números ainda preliminares, 30 mil, segundo conta Carlos Dieter, diretor de marketing da empresa. Os canudos da Ocean Friend têm diversas cores e tamanhos. Os coloridos vêm da China. Os de inox sem coloração são fabricados aqui, com matéria-prima vinda em parte de fornecedor estrangeiro e em parte de fornecedor brasileiro. Estes são fabricados na empresa, que tem uma metalúrgica no Rio Grande do Sul.
Os preços variam entre R$11,90 e R$ 15,90 para as unidades. Para os kits, com dois e quatro canudos, que vêm com escovinha, os preços vão de R$ 22,90 a R$ 55,90. A empresa também vende capas para os canudinhos. A Ocean Friend estima ter crescimento gradativo de vendas de 30 a 35% e fechar o ano tendo vendido 1, 3 mil mil tubinhos de inox.
"Temos muitos clientes corporativos procurando para brindes e revenda", diz Dieter. Apesar da margem não ser alta, a projeção de faturamento é de R$ 13 milhões em 2019. A estimativa inclui também outros lançamentos planejados para o ano, como copos reutilizáveis de silicone e set de talheres de plástico biodegradáveis.
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"Já trabalhavamos na filosofia dos reutilizáveis, sem descarte, sem lixo, e por isso quisemos trabalhar com os de inox e não de material biodegradável", diz Dieter. A Ocean Friend é do mesmo grupo empresarial que fabrica também o Fleurity, coletor menstrual, com 3 anos de mercado, e o Uriny, coletor de urina para mulheres, lançado em junho de 2018.
Gigante dos metais de mesa e cozinha, a Tramontina prepara sua entrada neste mercado dos canudos de inox para o próximo mês, começando na Abup Home & Gift, salão de negócios para lojistas e profissionais que vai de 16 a 19 de fevereiro, em São Paulo. Darci Friebel, diretor da Tramontina, diz que a empresa entra no nicho para apoiar a iniciativa, do ponto de vista ambiental. Nada comparado ao volume de panelas comercializadas.
A unidade de Farroupilha (RS), que coordena o lançamento dos canudos, fabrica 400 mil panelas por mês e deve colocar no mercado um primeiro lote de 40 mil canudos em fevereiro.
"Não pretendemos faturar milhões. Para nós, interessa o aspecto educativo. Mas sabemos que há várias empresas trazendo os canudos para o país e que em algumas praças o produto está em falta", afirma Friebel.
"Já há 2 anos, em feiras internacionais, vemos aumentar o interesse pelos canudos de inox, ou de vidro, de papéis biodegradáveis e de massa comestível também. Agora, com a proibição dos de plástico no país, deve crescer o consumo no Brasil".
A empresa metalúrgica não deve fabricar os canudos num primeiro momento, a não ser que as vendas justifiquem investimento dedicado, pois o maquinário é específico. Os primeiros a serem comercializados serão importados na China. Haverá apenas um modelo, sem coloração, vendido separadamente ou em kits com 4 unidades e uma escova. Para hotéis e restaurantes, a Tramontina vai lançar set de 12 canudos. Os preços ainda não estão definidos, mas o kit com 4 deve ficar abaixo dos R$ 50.
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"O DNA da Tramontina é o dos produtos duráveis. Mantemos garantia de nossas panelas por 25 anos. Na nossa sede, não usamos copos descartáveis. Fazemos coleta de água de chuva, que alimenta a produção e serve os banheiros. Achamos que devemos contribuir com a educação do consumo", afirma.
A Tramontina deve lançar no segundo semestre mais produtos para suprir a demanda de utensílios para um modo de vida sustentável, como set de talheres com a inclusão de canudo e escovinha.
"Os hábitos das pessoas estão mudando. Muita gente hoje leva comida de casa para comer no trabalho. Por isso estamos programando esses kits e já temos potes térmicos e resistentes para esse tipo de consumidor", observa Friebel.
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