Afinal, comer placenta não traz benefícios à saúde, diz estudo
Pesquisadores dizem não haver evidências de que prática tenha impactos positivos como ser fonte de ferro ou ajudar a amamentação
© Pixabay
Mundo Parto
Está se tornando cada vez mais popular a prática de ingerir placenta após o parto, especialmente depois que celebridades como Kourtney Kardashian e a atriz January Jones aderiram à prática e dizem ter sentido vários efeitos positivos.
No entanto, um levantamento realizado por pesquisadoras americanas concluiu que não há benefícios em se comer placenta, seja qual for a maneira como foi preparada, cozida, em cápsulas ou in natura.
O G1 publicou um estudo da Faculdade de Medicina de Northwestern, em Chicago, que analisou dez pesquisas sobre o tema publicadas recentemente e afirma não ter encontrado evidências de que o consumo de placenta ofereça proteção contra depressão pós-parto, ou que reduza dores, dê mais energia, ajude na amamentação, promova a elasticidade da pele, auxilie no vínculo entre mãe e bebê nem tampouco seja fonte de ferro para a mãe, como muitos acreditavam.
Uma associação britânica que reúne as parteiras do país, o Royal College of Midwives, defende que ingeri-la ou não deve ser uma decisão da mulher.
Riscos
A especialista em reprodução Crystal Clark é uma das responsáveis pelo levantamento e diz justamente que é ainda mais grave o fato de não haver estudos analisando os possíveis riscos dessa prática.
"Os relatos de mulheres que sentiram os benefícios em se comer placenta são muito subjetivos e não há uma pesquisa sistemática sobre os benefícios e os riscos da ingestão de placenta", disse Clark.
"A popularidade de se comer a placenta vem crescendo enormemente nos últimos anos. Nossa impressão é a de que as pessoas não estão tomando suas decisões baseadas em evidências científicas ou em conversas com seus médicos. Algumas mulheres estão optando por isso baseada em relatos da mídia, em blogs e sites”, ressaltou.
A principal responsável pelo estudo, a psiquiatra Cynthia Cole, alerta para o fato de não haver normas ou recomendações sobre como armazenar e preparar a placenta. "Muitas mulheres estão comendo placenta sem detalhes sobre os potenciais riscos para elas mesmas e seus bebês”.
Já Louise Silverton, do Royal College of Midwives, disse que não há evidências suficientes para desaconselhar o consumo de placenta. "Isso tem de ser uma decisão da mulher, se ela optar por fazê-lo", afirma.
"Elas precisam estar cientes de que, como qualquer produto que é ingerido, placentas podem estragar. Então é preciso cuidado em como armazená-la”.
Além disso, ela diz que se uma grávida está pensando nessa opção, ela deve discutir com sua parteira antes do parto, para que as providências necessárias sejam tomadas, informa o G1.
Daghni Rajasingam, ginecologista porta-voz do Colégio Real de Obstetras e Ginecologistas, disse que apesar de a placenta ser muito rica em fluxo sanguíneo, há riscos em ingeri-lo. "O que a mulher faz com a placenta é decisão delas – mas eu não recomendaria que elas a ingerissem”.