Pessoas de minorias étnicas morreram em números relativamente maiores na Inglaterra do que compatriotas brancos durante a pandemia de covid-19, segundo um estudo publicado hoje pelas autoridades de saúde. Um relatório da Direção Geral da Saúde de Inglaterra reconheceu a discrepância, mas não sugeriu nenhuma recomendação e o governo não ofereceu nenhuma solução, suscitando preocupações de que pessoas de origem negra, asiática e de outras minorias enfrentem um risco desproporcional se houver uma segunda onda de casos de coronavírus.

O ex-vice-presidente da Associação de Médicos Britânica, Kailash Chand, receia que o relatório possa ser visto como um "branqueamento" por não apresentar recomendações e que tenha sido feito para "mostrar que eles pareciam estar fazendo alguma coisa".

O estudo, encomendado pelo governo britânico em abril, no auge da epidemia no Reino Unido, descobriu que as pessoas originárias do Bangladesh tinham cerca de duas vezes mais probabilidades de morrer com o vírus do que os britânicos brancos. 

Refere também que pessoas de origem chinesa, indiana, paquistanesa e outros asiáticos, caribenhos e negros também correm um risco entre 10 a 50% maior de morrerem desta doença. 

O ministro da Saúde, Matt Hancock admitiu, durante coletiva de imprensa diária do governo sobre a crise, que é indiscutível que "ser negro ou pertencer a uma minoria étnica é um importante fator de risco" na pandemia.

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"Esta é uma publicação particularmente oportuna porque, em todo o mundo, as pessoas estão zangadas com a injustiça racial", acrescentou, numa referência à agitação civil registrada nos Estados Unidos em protesto pela morte de George Floyd, um homem negro sufocado durante a detenção pela polícia.

"Eu percebo", disse Hancock, sobre a raiva das pessoas, repetindo o nome da campanha 'Black Lives Matter': "A vida dos negros é importante".

Hancock prometeu que o governo vai investigar os problemas nas próximas semanas e meses, mas o Partido Trabalhista, a principal força da oposição, incitou o governo a agir agora para proteger grupos de minorias étnicas. 

"O governo não deve esperar mais para mitigar os riscos enfrentados por essas comunidades", afirmou Marsha de Cordova, porta-voz dos trabalhistas para as questões da Igualdade.  

O estudo não levou em consideração fatores como a obesidade, outro fator de risco, nem as atividades das vítimas, mas constatou que a taxa de mortalidade é elevada entre profissionais de saúde, seguranças e motoristas de transportes rodoviário, muitos dos quais têm origem étnica. 

Ainda assim, confirmou que o maior fator de risco em morrer de covid-19 é a idade, sobretudo entre pessoas com 80 anos ou mais, e que os homens têm duas vezes mais probabilidades de morrer do que as mulheres. 

O Reino Unido registrou mais 324 mortes nas últimas 24 horas, quase o triplo do dia anterior, fazendo o total de óbitos durante a pandemia covid-19 subir para 39.369 pessoas, informou hoje o ministério da Saúde.