Morre Gordon Liddy, o homem por trás do assalto do caso Watergate
Liddy tinha 90 anos e a sua saúde estava debilitada. Foi ele quem concebeu o plano para assaltar os escritórios do Comitê Nacional do Partido Democrata. O escândalo que se seguiu custou a presidência a Richard Nixon.
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Mundo Óbito
Gordon Liddy, a mente por trás do assalto que culminou no escândalo Watergate, morreu esta terça-feira (31), revelou o The New York Times. Liddy tinha 90 anos e padecia da doença de Parkinson. O filho Thomas Liddy disse ao jornal que a saúde do pai estava cada vez mais debilitada.
O seu papel no caso Watergate foi preponderante. Ex-agente do FBI, Gordon Liddy tornou-se o estrategista da campanha de reeleição de Richard Nixon, em 1972.
Liddy ajudou a conceber estratagemas para descredibilizar os rivais de Nixon e para perturbar a convenção nacional do Partido Democrata nesse mesmo ano.
A maioria dos seus planos eram rebuscados. Envolviam raptos, atos de sabotagem, armadilhas recorrendo a prostitutas e até um assassinato. Estes planos nunca foram concretizados.
No entanto, o plano que Liddy engendrou em conjunto com o ex-agente da CIA, Howard Hunt, para dois assaltos aos escritórios do Comitê Nacional do Partido Democrata, localizados no completo Watergate, em Washington, foi realizado.
O primeiro assalto aconteceu no final de maio de 1972 e teve como propósito colocar escutas e fotografar documentos. Decorreu sem problemas. No segundo assalto, no dia 17 de junho, as coisas não correram da mesma forma.
Quatro cidadãos cubanos e James McCord, um responsável da segurança da campanha de Nixon, foram detidos no local pela polícia. Liddy e Hunt, que estavam monitorando a operação a partir de um quarto de hotel no complexo Watergate, fugiram, mas foram posteriormente detidos e acusados pelo assalto, pelas escutas encontradas e de conspiração.
Inicialmente, o caso Watergate parecia não acarretar consequências para Richard Nixon, mas à medida que o novelo foi sendo desfiado isso mudou. Nos dois anos seguintes foi desvendado o encobrimento do caso Watergate, que se tornou no pior escândalo político na história dos Estados Unidos e que derrubou Nixon, o primeiro presidente norte-americano a demitir-se.
Gordon Liddy recusou testemunhar sobre o seu papel na Casa Branca e no comitê de reeleição de Nixon e virou réu do caso Watergate a ser condenado a cumprir uma pena de prisão mais pesada, entre seis a 20 anos. Cumpriu apenas quatro anos e quatro meses.
Quando saiu da prisão afirmou que não se arrependia dos seus atos e que faria tudo novamente. Nos anos que se seguiram escreveu vários livros, entre os quais o best seller 'Will', uma autobiografia publicada em 1980, e na qual Liddy quebro o silêncio sobre o caso Watergate.